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Residentes da Polana Caniço em Maputo reflectem sobre acidentes de viação e mais de 700 pessoas já morreram este ano no país

Residentes da Polana Caniço em Maputo reflectem sobre acidentes de viação e mais de 700 pessoas já morreram este ano no país

Foto de Emildo SamboOs moradores do bairro da Polana Caniço “A”, na capital moçambicana, deixaram aos seus afazeres, no passado sábado (13), e juntaram-se a organizações da sociedade e à Polícia de Trânsito (PT) para reflectirem sobre os acidentes de viação, problema que no primeiro semestre do ano em curso, matou pelo menos 724 pessoas, deixou 1.846 feridos, dos quais 800 em estado grave. Dos óbitos, 20% são crianças.

A iniciativa foi da Associação Moçambicana Para as Vítimas de Insegurança Rodoviária (AMVIRO), que actua nesta área desde 2009, mas os números sobre a triste realidade de quem viajava num carro ou foi colhido de surpresa a caminhar na via pública e nunca mais regressou à casa vida, ou que ficou lesionado, foram revelados pelo presidente da Associação do Automóvel & Touring Clube de Moçambique (ATCM), António Marques.

Segundo este dirigente, a ATCM iniciou as suas actividades em 1987, mas nunca na sua história registou nenhum acidente de viação que se circunscreva na tragédia acima referida. Durante os treinos e competições há acelerações de arrepiar os cabelos, mas “nunca houve um caso, por exemplo, de uma criança com a cabeça rachada”, ou alguma coisa similar nem relatos de um sinistro causado por um piloto desta agremiação.

No local foi exibida uma peça teatral, através da qual a população ficou a saber e/ou aprimorar o seu conhecimento sobre a segurança rodoviária e dos males que advêm de uma condução irresponsável, sobretudo sobre o efeito de álcool. Iniciativas similares aconteceram e prosseguem em diferentes pontos do país.

António Marques apelou aos residentes da Polana Caniço “A” para que reflictam em torno da problemática dos acidentes de viação e envolvam-se nas campanhas denominadas “STOP Sangue nas Estradas. Respeitem os sinais de trânsito e prestem muita atenção”.

José Patrício, do Departamento de Trânsito no Comando da Polícia da República de Moçambique (PRM) em Maputo, disse que o condutor deve, obrigatoriamente, parar quando o peão estiver a atravessar a via de modo a evitar acidentes, mesmo quando a travessia não é feita pela passadeira, local indicado para o efeito.

O agente da Lei e Ordem aproveitou a ocasião para se queixar de alguns peões de não usam os lugares criados, tais como pontes áreas, para a sua travessia.

Por sua vez, os residentes daquela zona suburbana pediram maior fiscalização na recém-inaugurada Avenida Julius Nyerere, porque segundo contaram há cada vez mais acidentes. Eles queixaram-se ainda de alguns jovens locais que protagonizam manobras de Fórmula 1 na Rua Carlos Cardoso e de outros que cometem assaltos à noite.

De acordo com José Patrício, há pessoas que quando são chamadas atenção sobre a perigosidade de atravessar mal uma via ou sem usar os sítios indicados revoltam-se e proferem impropérios, alegadamente porque não se fazem ao volante, por isso, apenas os automobilistas devem ser chamados à razão sobre a necessidade de evitar o sangue nas estradas.

Questionado pelo @Verdade como interpreta o facto de os acidentes de viação persistirem em grande escala, pese embora as campanhas de educação cívica em curso no país, Alexandre Nhapossa, director da AMVIRO, disse que o seu sentimento é de que a situação tende a melhorar.

“Entre 2005-2008 o país registava cerca de cinco mil acidentes/ano, mas actualmente falamos de três mil/ano”, explicou Nhapossa, acrescentando que o que acontece é que ainda prevalecem sinistros horrorosos, mas de forma localizada.

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