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Relação entre o governo e a comunicação social é péssima

Comemora-se, a 11 de Abril de cada ano, o dia dos jornalistas, um dia em que a classe senta-se e reflecte não só sobre os seus rumos, também sobre os problemas de sempre, a liberdade de imprensa e o acesso às fontes de informação, sobretudo a relação com o poder político.

Na província da Zambézia, cidade de Quelimane, em particular, esta Quarta-feira, haverá uma sentada onde o Sindicato dos Jornalistas convidou diversos seguimentos e personalidades para juntos, na mesma mesa, debaterem estes e outros assuntos.

Porém, esta Terça-feira, o “Diário da Zambézia” conversou com jornalistas de diversos órgãos de comunicação social. Todos deram a cara e mostraram o seu descontentamento pela forma como o poder governamental tem gerido o assunto da imprensa.

Tony Guitarra, jornalista da Rádio Zambeze FM, disse, a propósito da data, que a relação com o governo não é boa, porque muitos dos que estão nos cargos públicos não têm bons modos de lidar com a imprensa. A fonte tem vários episódios, mas prefere resumí-los em jeito de desabafo.

“A relação entre jornalistas e governo é péssima” – disse Guitarra, para depois acrescentar que “eles pensam que são donos de tudo, mas esquecem-se que estão nos cargos a receberem o erário público e que este mesmo público precisa de saber como foi gasto o seu dinheiro” – rematou.

Mesmo assim, o jornalista Guitarra diz que a luta não pode terminar. “Temos que continuar a insistir estes senhores até que abram-nos as portas, podem bater-nos, fecharem as portas das viaturas nas nossas caras, mas não iremos vacilar” – acrescenta.

Para Jorge Marcos, jornalista do Grupo SOICO, não se pode falar da relação entre a imprensa e os mídias. “Não temos boa relação, isso não se pode esconder”. Foi assim como o jornalista Jorge Marcos começou por abordar a questão da relação entre a imprensa e o governo da Zambézia.

Num outro passo, a fonte disse que este governo (de Itai Meque) provavelmente é o pior na relação entre o executivo e a imprensa.

A dado passo, a fonte apontou casos em que numa província como Zambézia, com imensas potencialidades que possui, a informação não se divulga e quando se questiona a um membro do governo sobre isto mais aquilo, não dá informação. “Estamos mal, mas muito mal mesmo” – lamentou a fonte.

Secretárias e assessores são outros entraves

Por vezes, até os dirigentes podem ter vontade de falar sobre certo assunto, mas, no meio, há um grupo de pessoas que pensam que estão a proteger o seu pão impedindo que os jornalistas falem com os governantes.

“Sentimos isso, as secretárias, os assessores e até o pessoal do protocolo, têm sido pedras no sapato dos jornalistas” – assim dizem os chamados homens da pena.

Quase todos os jornalistas estão unânimes de que os governantes actuais da província da Zambézia querem que se escrevam assuntos do seu agrado e quem não entra nesta linha é visto como sendo jornalista do partido X ou Y.

“Uns pensam que somos espiões”

Teófilo Moronha é o secretário provincial do SNJ na Zambézia. E quando abordado a propósito do dia 11 de Abril que, esta Quarta-feira, se assinala, diz que a maior parte das pessoas que estão no poder pensa que os jornalistas são espiões.

Para Moronha, o jornalista está a fazer o seu trabalho, que é de informar os factos, mas isso não tem sido visto com bons olhos, dai que, na óptica do secretário do SNJ na Zambézia, há que mudar-se de mentalidade.

Num outro passo, a fonte lamentou também o crónico problema de acesso às fontes de informação, um problema que, pelos vistos, não está para ter o seu fim em breve.

“Não é fácil ter informação em muitas instituições, às vezes o jornalista anda mais de três ou quatro vezes, só para obter um número que o dirigente não se digna em ceder, mas quando o assunto sai para fora acusam-nos de seremos espiões” – rematou Moronha.

Mas, o secretário do SNJ na Zambézia não descarta também a possibilidade de existirem jornalistas que escrevem artigos por “encomenda”. Moronha diz que estes devem ser denunciados porque, afinal, o trabalho deles é escrever para depois terem ganhos, por isso “temos que estar unidos para que possamos caminhar e tirar estes infiltrados na classe” – alertou.

E não só, o Secretário do SNJ não percebe como é que, às vezes, os governantes na Zambézia têm jornalistas que cobrem apenas sessões na cidade e outros viajam para fora.

E não só, quando certos órgãos não estão, por exemplo, numa cerimónia, os governantes procuram formas de retardar o arranque, a espera dos ditos órgãos chegarem.

Recorde-se que o problema de acesso às fontes de informação tem sido o grande calcanhar de aquiles para os jornalistas.

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