A província moçambicana de Cabo Delgado, extremo Norte, tem quatro balcões de microcrédito, uma iniciativa que já fez 2000 empréstimos com um valor de cerca de um milhão de dólares (791 mil euros).
“Neste momento, já existe o banco de microcrédito em Pemba e sucursais na ilha de Ibo, em Quissanga e em Chiúre, todas na província de Cabo Delgado”, disse o director em Moçambique da Rede Aga Khan para o Desenvolvimento (AKDN), Rui Carimo. A estrutura em Cabo Delgado faz parte da Agên cia Aga Khan para a Microfinança, uma das agências da Fundação Aga Khan para o Desenvolvimento, uma entidade que promove o desenvolvimento em mais de 30 países, especialmente de África e Ásia.
“Escolhemos Cabo Delgado porque é uma província com maiores taxas de pobreza e onde este tipo de serviços não existe”, disse Rui Carimo, admitindo que poderão ser abertos outros bancos de microcrédito noutras províncias de Moçambique.
ENTRE USD300/ USD5000
Os empréstimos concedidos pelo banco variam entre 300 e 5000 dólares (237 e 3900 euros), mas a maior parte são pequenos empréstimos, para investimentos nas áreas de agricultura, criação de pequenas empresas ou para habitação, disse o responsável. Rui Carimo disse também que a taxa de retorno é superior a 70% e explicou que porque a Fundação já está no terreno há muito tempo “há muita sinergia” entre os clientes e os balcões de microcrédito.
Os pedidos são avaliados também por moçambicanos, um trabalho que ao todo emprega cerca de 60 pessoas. O banco de microcrédito de Pemba é o primeiro de Moçambique e, embora esteja a funcionar desde 1 de Fevereiro, só foi formalmente inaugurado no passado fimde- semana, por ocasião de uma “Presidência Aberta” de Armando Guebuza na província. O Presidente da República disse na altura acreditar que a presença do banco em Pemba irá impulsionar a mobilização dos cidadãos para haver captação de mais depósitos até agora feitos de várias outras alternativas, fora da banca e com elevados riscos.
“A poupança é uma prática de desenvolvimento, de civismo e de patriotismo. Quem começa a pensar na poupança procura reduzir os gastos desnecessários, evita o esbanjamento e afasta-se de comportamentos socialmente repreensíveis”, disse Armando Guebuza.
O programa foi lançado em 2003 como uma iniciativa de microcrédito, que “criou raízes até 2010”, culminando na criação de um banco rural de microcrédito, disse Rui Carimo. A Fundação Aga Khan está em Moçambique desde 2001, onde tem projectos nas áreas de Educação, Saúde, Agricultura, Pescas e Microfinanças na província de Cabo Delgado, envolvendo centena e meia de aldeias e mais de 100 mil pessoas.