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Livro de Reclamação: irregularidades na empresa “Paga Lata Lda”

Saudações, Jornal @Verdade. Somos trabalhadores do “Paga Lata Lda.”, uma empresa de reciclagem de lixo, sita na Avenida Julius Nyerere, na cidade de Maputo. Gostaríamos, através do vosso meio de comunicação, de expor uma inquietação relacionada com as irregularidades perpetradas pelos dirigentes desta firma.

O que nos aflige é a falta de consideração por parte dos chefes do “Paga Lata Lda.”. Eles tratam-nos como objectos. O pior é que trabalhamos acima do tempo – 8 horas – previsto na Lei do Trabalho em vigor em Moçambique, em precárias condições e sem o mínimo de respeito. Às 07h:00 devemos estar nos nossos postos de trabalho e só saímos às 17h:00.

Por vezes, as nossas actividades são feitas debaixo de intempéries e sem direito a intervalo para passar refeições. Comemos alguma coisa no momento em que gestores entendem que nos devem autorizar. Constantemente somos acusados de roubos na empresa, mas sem provas. Como consequência disso, uma das nossas colegas, que desempenhava a função de guarda, foi demitida e posteriormente presa pela Polícia sem pelo menos se investigar o crime de que ela era indiciada. Quando o director da companhia foi chamado pela Polícia para prestar depoimento, ele negou. Contudo, porque quem não deve não teme, achamos estranha a atitude dele.

No “Paga Lata Lda.” estamos a ser humilhados, não temos férias, os salários que auferimos são uma miséria, além de que não temos contratos de trabalho nem canalizamos nenhum valor para o Instituto Nacional de Segurança Social (INSS). Estamos preocupados com o nosso futuro e o das nossas famílias. A nossa empresa recicla lixo e trabalhamos com objectos cortantes, bem como com resíduos sólidos em estado elevado de decomposição mas não temos equipamentos de segurança, tais como botas, luvas e máscaras.

Um outro assunto que nos preocupa é a falta de assistência em caso de acidentes durante o trabalho. No passado, um dos nossos colegas ficou ferido mas a empresa não se responsabilizou. Os funcionários desembolsaram dinheiro para levar a pessoa ao hospital. Quando se trata de infelicidades, a firma dá algum fundo que posteriormente é pago com juros. Afinal, que empresa é esta?

Estamos saturados destes problemas não revolvidos, principalmente porque a empresa nunca reuniu os trabalhadores para ouvir as suas preocupações. Todos os dias, graças ao nosso suor, camiões abarrotados de produtos partem das instalações do “Paga Lata Lda.” para a África do Sul. Enchemos os bolsos dos patrões mas eles tratam-nos como animais. Exigimos justiça, igualdade e bons tratos.

Resposta

Sobre este assunto, o @Verdade contactou a direcção do “Paga Lata Lda.”, por intermédio do gerente e director dos Recursos Humanos, Tomás Chirindza. Este esclareceu algumas inquietações, desmentiu certas acusações e, com um tom de arrogância, ainda procurou saber da identidade dos reclamantes.

O gestor não se conteve e atribuiu nomes aos seus funcionários, os quais não mencionamos por respeito às pessoas visadas. Segundo palavras suas, quem não consehue trabalhar pode demitir-se. Relativamente à falta de fardamento para os funcionários, Tomás Chirindza prometeu que a firma irá criar condições para a sua aquisição.

Todavia, ele não avançou datas para o efeito. No que tange à detenção da guarda da companhia, Tomás Chirindza explicou que a corporação encontrou provas suficientes para deter a funcionária em causa. O nosso interlocutor não aceitou esclarecer as outras preocupações insistindo que devíamos indicar “quem são esses trabalhadores que reclamam.”

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