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“Quero ir prender Kadhafi”

“Quero ir prender Kadhafi”

Encontrámo-nos num pequeno hotel de Doha, capital do Qatar, cujo nome Omar não quer ver publicado. Ele e a mulher, Zeina, britânica convertida ao Islão, temem que tentem matá-los. @ Verdade reproduz aqui, com a devida vénia, a entrevista publicada no jornal português “Expresso” do passado dia 2 de Abril.

 

 

Em 2009, enviados de Bush bateram-lhe à porta. O que queriam?

Omar Bin Laden (OBL) – Levarme para os Estados Unidos, sob protecção, em troca de ajuda para encontrar o meu pai. Disse que não. É meu pai, sou filho dele e, regra geral, um filho gosta do pai e respeita- o, embora possa discordar, muitas vezes, das suas ideias. Saí do esconderijo do meu pai com 20 ou 21 anos. Não foi por ele, quis apenas voltar a casa e fazer-me à vida.

Que pensa do terrorismo?

(OBL) – Não apoio a violência, os ataques e esse tipo de coisas, excepto se autorizados pelos grandes governos, por bons motivos, como sucede na Líbia. A ONU usa o seu exército para procurar a paz.

Onde estava a 11 de Setembro de 2001 e como se sentiu?

(OBL) – Não quero falar muito disso. Não sei quem está por trás do atentado, ponto final. É um tema doloroso.

Não sabe mesmo?

(OBL) – Não é isso que importa. É um tema velho e falar dele não fará bem a ninguém. O que importa é que não estou de acordo com esse acto. Morrem inocentes por todo o mundo, é certo. Sinto o mesmo por todos eles, judeus, palestinianos, americanos, afegãos, iraquianos… são seres humanos

O seu pai ficaria desiludido com essas palavras, depois de o ter treinado?

(OBL) – Não tenho recados para o meu pai, vivo no meu mundo e ele, no dele.

Que pode fazer contra a violência?

(OBL) – Depende do estado do país e das pessoas. Às vezes recorrem à força por terem sido expulsos de casa, e aí há que usar a força para repor a justiça. Já os que usam a força só porque querem controlar o mundo, sem razão, violam os direitos humanos.

Há, então, ocasiões em que é legítimo a Al-Qaeda recorrer à força?

(OBL) – Da Al-Qaeda não sei. Parece que estão em muitos países e fazem muitos planos… alguns são amáveis, outros malvados, outros religiosos, outros terroristas, outros razoáveis. Todos deixam as suas famílias e recebem a hospitalidade do meu pai, com quem ficam.

Acha que o seu pai está vivo?

(OBL) – Não sei, mas acredito que sim.

Recebeu alguma mensagem dele desde que saiu do esconderijo?

(OBL) – Não. Nisso sou igual a si. Recebeu alguma mensagem do meu pai?

Não. Mas fica triste ao falar dele…

(OBL) – É muito enervante. Só dou a entrevista por crer que é para o bem de todos.

Justificou o ataque a Kadhafi. Apoia as revoluções árabes?

(OBL) – Em muitos países há povos que se unem para derrubar governos. Não é o caso da Arábia Saudita. Agradeço ao rei Abdallah, que Deus o abençoe e à família Saud. São justos, por isso não têm problemas. Benditos sejam o povo do Qatar e o emir Hamed, que luta pela paz.

Graças a Deus a situação no Golfo Pérsico é boa. No Norte de África é diferente, há lutas, porque os líderes erram e fazem o povo passar fome. Só têm duas hipóteses: consertar o que está mal ou dar o lugar a alguém que o povo tenha escolhido. Combater o povo, matá-lo… não é bom. Os outros países devem corrigir tais situações.

Então apoia a revolução no Egipto?

(OBL) – O povo egípcio poderá responder-lhe. É legítimo depor Mubarak mas não o seria expulsá-lo ou desrespeitá-lo, pois dedicou toda a sua vida à presidência. Tem direito a morrer na pátria.

É necessário derrubar Kadhafi?

(OBL) – Tanto ele como o filho cometem actos terroristas contra civis. De início, os cidadãos não quiseram depô-los, mas por fim não tiveram outra alternativa.

Deve ser detido?

(OBL) – Sim. Se o rei saudita consentir, irei pessoalmente prendê-lo.

E se o seu filho Ahmed, de 7 anos, perguntar quem tem razão, o pai ou o avô?

(OBL) – É cedo para lhe falar dessas coisas. Nunca conheci um terrorista em toda a vida. Bom… Alguns, talvez, mas afastei-me. Direi a Ahmed que não se torne terrorista. Devemos ser gente normal que vive uma vida normal.

Mudava o seu passado se pudesse?

(OBL) – O que passou, passou. Em Dezembro o Qatar adere à Aliança de Civilizações da ONU e, se quiserem, posso ser enviado para o Médio Oriente. O mundo inteiro tem de agir em nome da paz.

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