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Queda do regime de Kadhafi afecta projecto de arroz em Matutuíne

A queda do regime do líder líbio, Muamar Kadhafi, e o consequente bloqueio das suas contas bancárias por parte de várias instituições financeiras está a inviabilizar a implantação do projecto de arroz no distrito de Matutuíne, província de Maputo, em Moçambique.

Trata-se do projecto da empresa Lap Ubuntu, orçado em 33 milhões de dólares, que seriam aplicados durante cinco anos, através de um financiamento do Governo líbio, que deveria ser desenvolvido numa área cobrindo cerca de 20 mil hectares.

A companhia, que actualmente funciona de forma deficiente, previa produzir anualmente cerca de 40 mil toneladas de arroz na fase de operação plena, explorando uma área de seis mil hectares.

Contudo, devido à falta de dinheiro, a empresa está apenas a trabalhar um espaço equivalente a 200 hectares, reporta a edição da Quarta-feira do jornal “Diário de Moçambique”.

Actualmente, segundo fontes do “Diário de Moçambique” ligadas ao empreendimento, os trabalhos de instalação da fábrica de descasque e processamento do arroz estão paralisados por ausência de fundos para pagar à empresa encarregue de executar as obras.

O mesmo acontece em relação ao processo de expansão da terra para a produção do cereal. “Toda a maquinaria está no local, mas não há dinheiro para levar a cabo os trabalhos de montagem da fábrica de processamento do arroz, bem como de expansão da área de produção”, disse a fonte.

Há meses, um grupo de trabalhadores que se encontram a operar na área dos 200 hectares dedicados à produção do arroz paralisou as actividades e entrou em greve devido ao atraso no pagamento dos salários.

Falando ao “Diário de Moçambique”, o director das actividades económicas no distrito de Matutuine, Elias Cuna, confirmou esta situação, explicando que a maioria dos fundos disponibilizados pelos apoiantes da companhia está congelada e decorrem negociações com algumas instituições financeiras para a libertação dos valores e colocar o projecto em marcha.

Paralelamente, estão em curso contactos com alguns bancos com vista a obter financiamento para a viabilização do projecto.

Em relação à greve, salientou que a mesmo aconteceu devido ao atraso no pagamento dos salários, mas o problema já foi ultrapassado com a venda de cerca de 70 toneladas do arroz que estavam armazenadas na fábrica.

Referiu que neste momento, a companhia tem disponível cerca de 200 hectares de arroz por colher, o que poderá render mil toneladas.

“Esta produção já tem um comprador disponível que é a empresa Inácio de Sousa, que se dedica à produção e descasque do arroz na zona de Palmeira, no distrito da Manhiça”, disse a fonte, salientando que é com a venda deste arroz que a farma sobrevive neste momento.

Fora da época do arroz, a companhia dedica-se à produção de batata-doce e da cebola nos mesmos campos. Resultado da parceria entre Moçambique e Líbia, o projecto denomina-se “Bela Vista Rice Project” e foi lançado em Novembro de 2010.

Este projecto previa empregar 300 trabalhadores, nos primeiros três anos da sua operacionalização, mas neste momento conta apenas com cerca de uma centena.

Muamar Kadhafi morreu em Outubro de 2011 no último assalto contra a sua cidade natal, Sirte, onde se encontrava refugiado, por forças rebeldes lideradas pelo Conselho Nacional de Transição.

Kadhafi foi o último presidente deposto em África, na sequência de uma revolta popular rotulada de “Primavera Árabe”, e que também levou a queda dos presidentes do Egipto e da Tunísia.

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