O líder líbio Muammar Khadafi insistiu esta segunda-feira que não deixará o poder, apesar da rebelião popular e da pressão internacional contra seu regime, instaurado em 1969. Ele negou, aliás, que existam manifestações na Líbia, embora tenha perdido o controle de grande parte do país. “Todo o meu povo ama-me”, disse Khadafi à jornalista Christiane Amanpour, da rede de televisão ABC. “Ele morreria para me proteger”acrescentou.
Amanpour disse no site da ABC que a entrevista, conduzida num restaurante na orla da capital, foi concedida porque Khadafi desejava expressar sua versão dos fatos. Ele riu quando perguntado se renunciaria, e pareceu alheio à força da rebelião contra o seu regime.
A jornalista disse ter perguntado várias vezes a ele sobre os rumores de bombardeios aéreos contra manifestantes. “Mas Khadafi disse que eles não aconteceram, e que só haviam bombardeado depósitos militares e de munições”, escreveu Amanpour.
Khadafi, de 68 anos, propôs que a Organização das Nações Unidas (ONU) ou outra organização realize uma “missão de investigação” na Líbia, e questionou o fato de alguns governos imporem sanções ao regime líbio apenas com base em reportagens da mídia. “Ele pareceu estar em completa negação diante dos protestos contra si, e de que grandes cidades na Líbia, especialmente no leste, foram tomadas pelos seus opositores”, disse Amanpour no seu relato.
Khadafi voltou a dizer que a Al Qaeda está a estimular a revolta, ao insuflar jovens a roubarem armas militares. Acusou também os países ocidentais de abandonarem seu governo na luta contra “os terroristas”, e disse sentir-se traído pelos EUA, que vêm pedindo sua renúncia. “Estou surpreso porque temos uma aliança com o Ocidente para enfrentar a Al Qaeda, e agora que estamos a combater os terroristas eles abandonaram-nos”, disse Khadafi.
“Talvez eles queiram ocupar a Líbia.” Khadafi referiu-se ao presidente dos EUA, Barack Obama, como “um bom homem”, mas que estaria desinformado sobre a situação líbia. “As declarações que ouvi dele devem ter vindo de terceiros”, afirmou. “A América não é a polícia internacional do mundo.”