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Putin pede negociação sobre “soberania” no leste da Ucrânia

O presidente russo Vladimir Putin pediu, este domingo (31), negociações imediatas sobre a “soberania” do sul e do leste da Ucrânia, apesar de o seu porta-voz dizer que isso não significa que Moscovo agora aprova as exigências dos rebeldes por uma independência do território que eles controlam.

As declarações do líder do Kremlin, dois dias depois de uma aparição pública na qual ele comparou o governo de Kiev com os nazistas e advertiu o Ocidente para não “mexer com a gente”, veio num momento em que a Europa e os Estados Unidos preparam possíveis novas sanções para impedir o que eles dizem ser um envolvimento militar directo da Rússia na guerra na Ucrânia.

No primeiro ataque naval do conflito que já dura quatro meses, os separatistas dispararam contra um navio ucraniano no Mar Azov, este domingo. Um porta-voz militar ucraniano disse que uma operação de resgate estava em andamento, depois do ataque de artilharia disparado da costa.

As tropas ucranianas e os residentes locais estavam, este domingo, a reforçar o porto de Mariupol, a próxima grande cidade no caminho de combatentes pró-russos, que forçaram um recuo das forças do governo ao longo do Mar Azov na semana passada numa ofensiva numa nova frente.

A Ucrânia e a Rússia trocaram soldados que haviam penetrado no território uma da outra, perto dos campos de batalha, onde Kiev diz que as forças de Moscovo vieram em auxílio dos insurgentes pró-russos, desequilibrando as forças militares em favor dos rebeldes.

As negociações devem ser realizadas imediatamente “e não apenas em questões técnicas, mas sobre a organização política da sociedade e sobre a soberania no sudeste da Ucrânia”, disse Putin numa entrevista à televisão estatal Canal 1, com os cabelos despenteados pelo vento à beira de um lago.

Moscovo, por sua vez, não poderia ficar alheia enquanto as pessoas estavam a ser mortas “quase à queima-roupa”, disse Putin. O uso da palavra “soberania” por Putin foi interpretado pela mídia ocidental como um apoio à demanda rebelde de independência, algo que Moscovo, até agora, não chegou a endossar publicamente.

No entanto, o porta-voz de Putin, Dmitry Peskov, disse que não houve um endosso de Moscovo para a independência rebelde. Perguntado se a “Nova Rússia”, termo usado pelos rebeldes pró-Moscovo para definir o seu território, ainda deve ser parte da Ucrânia, Peskov disse: “Claro.” “Só a Ucrânia pode chegar a um acordo com a Nova Rússia, tendo em conta os interesses da Nova Rússia, e esta é a única maneira de se chegar a um acordo político.”

Os rebeldes passaram a usar amplamente o termo “Nova Rússia” desde que Putin utilizou-o pela primeira vez numa aparição pública em Abril. Putin disse que era um termo da época dos czares para a terra que hoje forma o sul e o leste da Ucrânia.

Os ucranianos consideram o termo profundamente ofensivo e dizem que revela intenções imperiais de Moscovo no seu território. Moscovo há muito pede para Kiev manter conversações políticas directas com os rebeldes.

O governo de Kiev diz que está disposto a ter conversas sobre mais direitos para o sul e o leste, mas não vai falar directamente com combatentes armados que descreve como “terroristas internacionais” e fantoches russos que só podem ser contidos por Moscovo.

O vice-líder da chamada República Popular de Donetsk, Andrei Purgin, disse que irá participar das negociações na capital de Belarus, Minsk, na segunda-feira. Conversas anteriores num “grupo de contacto”, envolvendo Moscovo, Kiev e os rebeldes cobriram questões técnicas, como o acesso ao local da queda de um avião da Malásia abatido em Julho, mas não questões políticas.

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