O presidente russo, Vladimir Putin, foi à Crimeia, esta sexta-feira (10), para os desfiles que marcam o Dia da Vitória soviética na Segunda Guerra Mundial, sua primeira visita à região desde que a ex-península ucraniana foi anexada por Moscovo, e disse que a incorporação do território tornou a Rússia mais forte.
No leste ucraniano, onde os rebeldes pró-Rússia planeiam um referendo no domingo para seguir o exemplo da Crimeia e separar-se da Ucrânia, pelo menos sete pessoas foram mortas e dezenas ficaram feridas num combate caótico no centro da cidade portuária de Mariupol.
O secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), Anders Fogh Rasmussen, condenou a visita de Putin à Crimeia, cuja anexação em Março não foi reconhecida por potências ocidentais.
Ele também questionou informações sobre uma declaração do Kremlin de que havia retirado tropas da região de fronteira. O governo em Kiev, rotulado de fascista por Moscou, definiu a visita de Putin à Crimeia como uma “provocação” cuja intenção era deliberadamente agravar a crise.
Ainda esta sexta-feira, Putin presidiu a maior celebração do Dia da Vitória que Moscovo realizou nos últimos anos. Os tanques, aeronaves e mísseis balísticos intercontinentais foram um lembrete ao mundo – e a eleitores russos – da determinação de Putin de reviver o poderio mundial de Moscou, 23 anos após o colapso da União Soviética.
“A vontade ferrenha do povo soviético, seu destemor e resistência salvaram a Europa da escravidão”, disse Putin num discurso a militares e veteranos de guerra reunidos na Praça Vermelha. Este ano também é o 70º aniversário da batalha na qual o Exército Vermelho retomou o controle da península, situada do Mar Negro, que estava sob ocupação dos nazistas.
Rasmussen, da NATO, classificou a viagem como “inapropriada”, enquanto os Estados Unidos consideraram a visita do presidente russo à Crimeia uma provocação e reafirmaram a sua rejeição à anexação da península do Mar Negro pela Rússia.
“Esta viagem é provocativa e desnecessária. A Crimeia pertence à Ucrânia e, claro, não reconhecemos as medidas ilegais e ilegítimas da Rússia nesse assunto”, disse a porta-voz do Departamento de Estado, Jen Psaki, a repórteres na sua conferência de imprensa diária.
A União Europeia afirmou que Putin não deveria ter usado a comemoração da Segunda Guerra Mundial para reforçar a anexação do território ucraniano. O primeiro-ministro ucraniano, Arseny Yatseniuk, no cargo desde que protestos populares derrubaram o presidente eleito apoiado pelo Kremlin em Fevereiro, rejeita as alegações russas de que o seu poder é o resultado de um golpe de Estado financiado por nacionalistas ucranianos neonazistas.
“Sessenta e nove anos atrás, nós, juntamente com a Rússia, lutamos contra o fascismo e vencemos”, disse ele depois de um culto na igreja pelo Dia da Vitória na capital. Agora, acrescentou, “a história se repete, mas de uma forma diferente”.