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Primeiro-ministro da Rússia irrita a Ucrânia ao visitar a Crimeia

O primeiro-ministro russo, Dmitry Medvedev, ostentou, esta segunda-feira (31), o controle da Rússia sobre a Crimeia ao desembarcar na região recém-anexada e anunciar planos para transformá-la em uma zona económica especial, apesar da pressão ocidental para que Moscovo devolva a península à Ucrânia, que ficou irritada com a visita.

O novo governo da Ucrânia e o Ocidente acusam o presidente russo, Vladimir Putin, de se apropriar ilegalmente da Crimeia, depois de um referendo a 16 de Março. Mas, num gesto que poderia aliviar a tensão no pior impasse Leste-Oeste desde a Guerra Fria, a Rússia recuou algumas tropas de perto da fronteira oriental da Ucrânia – um movimento que os Estados Unidos classificaram como um sinal positivo se for confirmado como uma retirada.

Putin disse à chanceler alemã, Angela Merkel, que ele determinou uma retirada parcial da região, segundo o porta-voz dela. No entanto, a visita de Medvedev insultou os líderes ocidentais ao destacar a incapacidade deles de forçar Putin a abandonar a Crimeia. Acompanhando Medvedev, o vice-primeiro ministro Dmitry Rogozin – que tem sido alvo de sanções ocidentais – não deixou dúvidas sobre o simbolismo da viagem, dizendo no Twitter: “A Crimeia é nossa. Basta.”

O governo ucraniano denunciou a visita como uma “violação grosseira” das regras da diplomacia, poucas horas depois da última rodada de conversações sobre a crise entre a Rússia e os Estados Unidos, que terminou inconclusiva. Os países ocidentais têm expressado preocupação com o acúmulo das tropas russas na fronteira da Ucrânia.

Em Washington, a Casa Branca reagiu com cautela aos movimentos de tropas. “Vimos os relatos e, se eles forem verdadeiros e se – o mais importante – representarem mais retiradas, isso seria um sinal positivo”, disse o porta-voz Jay Carney.

Visita

Logo depois de pousar na principal cidade crimeana, Simferopol, Medvedev fez uma reunião de governo com vários ministros que o acompanhavam, apresentando propostas para estimular a precária economia da região.

“O nosso objectivo é tornar a península atraente para possíveis investidores, para que ela possa gerar renda suficiente para o seu próprio desenvolvimento. Há oportunidades para isso – levamos tudo em consideração”, disse ele na reunião, transmitida pela TV, com bandeiras da Rússia atrás da sua mesa.

“Então decidimos criar uma zona económica especial aqui. Isso permitirá o uso de regimes tributários e alfandegários especiais na Crimeia, e também minimizará os procedimentos administrativos.”

Deixando claro que a Rússia não tem a intenção de devolver a Crimeia, Medvedev apresentou medidas para elevar os salários dos 140 mil funcionários públicos, transformar a região em polo turístico, proteger as ligações energéticas da Rússia com a península e melhorar estradas, ferrovias e aeroportos.

A Rússia assumiu o controle da Crimeia – região com predomínio étnico russo – depois de uma rebelião popular ter levado à destituição do presidente ucraniano Viktor Yanukovich, um político pró-Moscovo. Medvedev chegou a Simferopol horas depois de o secretário de Estado norte-americano, John Kerry, reunir-se em Paris com o chanceler russo, Sergei Lavrov, na noite de domingo, reiterando que Washington considera “ilegal e ilegítima” a anexação da Crimeia pela Rússia.

Os EUA e a União Europeia já impuseram sanções a autoridades russas e ameaçam adoptar medidas punitivas contra o país. A absorção da Crimeia e dos seus 2 milhões de habitantes cria um autocarro adicional para a Rússia, que tem problemas de baixo crescimento económico, inflação, moeda fraca e uma excepcional fuga de capitais neste ano.

Mas as declarações de Medvedev indicam que o Kremlin espera que a Crimeia se torne rapidamente autossuficiente. O primeiro-ministro disse ver “perspectivas colossais” para o turismo na península do mar Negro.

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