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Prematuro reintroduzir a pré-primária no ensino básico

O Governo moçambicano defende que é ainda prematuro reintroduzir a pré–primária como parte do ensino básico no país, devido as limitações financeiras e institucionais que Moçambique ainda enfrenta.

Este posicionamento foi defendido, quinta-feira, em Maputo, pelo Ministro da Educação, Zeferino Martins, durante um encontro de apresentação dos resultados da avaliação do programa de desenvolvimento da primeira infância na província de Gaza, Sul do pais, uma iniciativa da organização não governamental “Save The Children”.

O Governo pretendia reintroduzir a pré – primaria no próximo ano, o que praticamente não vai acontecer. Assim, o Ministro da Educação diz que o enfoque para os próximos anos estará na promoção da expansão do acesso à educação pré–primária, a partir do quarto e quinto anos de vida, de forma sustentável, para facilitar a transição para o ensino primário e aumentar a retenção das crianças e a conclusão do ensino primário.

Assim, tal poderá ocorrer nos centros infantis, creches ou escolinhas. Segundo Zeferino Martins, o sector da educação reconhece a importância de dar um maior enfoque à expansão das oportunidades de educação pré-escolar para que as crianças sejam melhor preparadas para o ingresso na escola na idade certa (seis anos).

“O desenvolvimento integral das crianças em idade pré-escolar é um factor determinante na melhoria da qualidade de ensino”, frisou o Ministro.

Dados revelados por Zeferino Martins indicam que dos cerca de 4,5 milhões de crianças moçambicanas com idade inferior a cinco anos, somente 66 mil, o equivalente a quatro por cento, têm acesso à educação infantil.

O Ministro sublinhou que “estes números mostram que Moçambique ainda regista um défice no desenvolvimento do ensino na primeira infância”.

Ele explicou que “os primeiros anos de vida de um ser humano são fundamentais para o desenvolvimento integral e equilibrado de indivíduos. São a base de toda a aprendizagem e determina as contribuições que ele dará à sociedade quando adulto”.

“A criança inicia a sua socialização, ambienta-se ao meio escolar, desenvolve habilidades motoras, familiariza-se com a língua de ensino, adquire os pré – requisitos de leitura e escrita, desenvolve a linguagem alicerçando os pressupostos necessários para enfrentar com sucesso todas as fases subsequentes da aprendizagem”, acrescentou o titular da pasta da educação.

O encontro contou com a presença de membros de instituições públicas, de parceiros do Governo, de partes interessadas na educação, membros do parlamento infantil, entre outros convidados.

Durante a apresentação dos resultados da avaliação do programa de desenvolvimento da primeira infância, na província de Gaza, foi dito que as pré-escolas da “Save The Children”, naquela província, tiveram impacto positivo na vida das crianças.

A iniciativa desta organização nãogovernamental envolve 4.545 crianças de 30 comunidades de cinco distritos daquela província, para alem de contar com 134 animadores, e 350 membros do Comité de Gestão.

Sebastian Martinez, um dos consultores do Banco Mundial, instituição que deu suporte técnico e financeiro da avaliação a este respeito, crianças de três a cinco anos de idade, nas zonas rurais de Gaza, mostravam sinais sérios de atraso no seu desenvolvimento, especialmente nas áreas física, linguística e cognitiva.

“Estes atrasos têm implicações sérias para a educação das crianças na escola primária. Crianças com tais atrasos não estão preparadas para aprender tanto na primeira classe quanto depois, e os riscos de reprovação, repetição e abandono são muito altos”, referiu Martinez.

Ele indicou que, depois da introdução da pré – escola, registou-se um aumento no número de crianças matriculadas na escola primária, na habilidade de resolução de problemas, coordenação motora precisa, mudança de comportamento social, emocional e hiperactividade, melhoria das praticas de higiene e saúde, e redução do tempo de trabalho nas machambas familiares.

“O programa de escolinhas nas zonas rurais teve impacto também nos irmãos mais velhos, nos país e adultos que mudaram as suas práticas e aumentaram a sua participação no mercado laboral”, explicou a mesma fonte. O projecto é resultado de uma parceria existente deste 2007 e que começou a ser implementado em 2008.

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