O aleitamento materno dá ao recém-nascido o melhor começo de vida. Estima-se que muitas crianças sofrem de diversas doenças, nomeadamente de diarreia, infecções respiratórias e outras infecções por não serem amamentadas de maneira adequada. Muitos bebés padecem de outras doenças que não contrairiam se tivessem sido amamentadas.
A OMS (Organização Mundial de Saúde) recomenda o aleitamento materno exclusivo desde o nascimento até os 4 – 6 meses, no entanto, muitas mães começam a dar leite não materno ou outros alimentos artificiais antes dos 4 meses. As razões mais comuns para isso devem-se ao facto de as mães acreditarem que não têm leite suficiente ou, então, ao facto de terem tido alguma dificuldade em amamentar.
A importância do aleitamento materno está relacionada com três aspectos principais:
1. Aspecto emocional do bebé e da mãe.
2. Aspecto nutricional do leite, do colostro ao leite amadurecido, no desenvolvimento do bebé.
3. Aspecto imunológico – protecção contra infecções transferida através do leite materno.
Aspecto emocional do aleitamento materno
A amamentação ajuda a mãe e o bebé a formarem um relacionamento mais próximo e amoroso, o que faz com que a mãe se sinta emocionalmente satisfeita. O contacto íntimo logo após o parto ajuda a desenvolver esta relação. Os bebés choram menos, e podem-se desenvolver mais rapidamente, se permanecerem próximos à sua mãe e forem colocados ao peito na primeira meia hora após o parto.
Mães que amamentam relacionam-se de forma mais afectuosa com os seus bebés, e têm menos necessidade da sua atenção. Amamentar é um gesto de amor e carinho que dará à criança segurança afectiva, base do desenvolvimento da sua personalidade. Alguns estudos sugerem mesmo que o leite materno pode ajudar a criança a desenvolver-se intelectualmente.
Aspecto nutricional e imunológico da composição do leite materno
O colostro é o leite de peito que a mulher produz nos primeiros dias após o parto. É grosso e de cor amarelada ou transparente. As suas propriedades, ricas em diversos factores anti-infecciosos, nomeadamente em anticorpos (IgA secretória – principal factor de imunidade no leite materno) e vitamina A, protegem o bebé contra as infecções e alergias, já que o recém-nascido não consegue produzir os seus próprios anticorpos (proteínas no sangue e no leite materno que combatem a infecção).
Para além de fácil digestão e de utilização prática, o económico leite materno tem um importante efeito laxante, ajudando o bebé a eliminar o mecônio (primeira descarga intestinal do recém-nascido), e preparando o seu aparelho digestivo para aceitar o leite amadurecido ou maduro.
Variações da composição do leite materno
O leite maduro é o leite materno que é produzido após alguns dias, depois do colostro. A quantidade de leite torna-se maior, e as mamas ficam completamente cheias, endurecidas e pesadas. Chama-se a isso “a descida do leite”.
O leite inicial ou anterior, aquele que é produzido no início da mamada, fornece uma grande quantidade de proteínas, lactose (o açúcar especial presente em todos os leites) e outros nutrientes. O bebé consegue ingerir grandes quantidades de leite, e deste modo, receber toda a água de que necessita.
O leite final ou posterior parece mais branco do que o leite inicial, porque contém mais gordura. Esta gordura fornece uma importante parte da energia de uma mamada e, por isso, uma boa razão para não tirar o bebé muito rapidamente do peito.
Como funciona a amamentação
Quando o bebé mama são enviados impulsos sensoriais através do mamilo ao cérebro (glândula pituitária anterior), que produz a prolactina (hormona responsável pela produção de leite), responsável pela produção de leite para a mamada seguinte. O pico da prolactina ocorre cerca de 30 minutos após o último aleitamento.
Com a continuação dos estímulos desencadeados pela sucção do mamilo, são novamente enviados impulsos sensoriais através do mamilo ao cérebro (desta vez à glândula pituitária posterior), que produz a occitocina. Esta substância química faz com que o leite flua no seio, através da contracção de células especificas (mioepiteliais), que ajudam a expulsar o leite dos alvéolos ( pequenos sacos de células secretoras de leite na mama) e a prosseguir através dos ductos (pequenos tubos que levam o leite ao mamilo).
Este fluxo de leite do seio devido à libertação de occitocina (designado por reflexo de descida e ejecção do leite), funciona também como um reflexo psicossomático e, por esse motivo, situações de angústia, agitação, medo e stress, por parte da mãe, podem exercer uma acção inibidora na produção de leite. Inversamente, sentimentos agradáveis, o bem-estar, a serenidade e a confiança da mãe, estimulam-no.
A produção de leite também é controlada dentro da própria mama. Existe uma substância – a bromocriptina – que pode inibir ou reduzir a produção de leite. Se a mama estiver muito cheia, aquele factor inibidor faz com que as células parem de produzir leite – mecanismo de protecção contra o enchimento excessivo. Se o bebé parar de mamar num dos seios, este pára de produzir leite. E para continuar a sua produção, o leite materno tem de ser retirado.