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Poluição do Rio Munene: Zimbabwe avança com resultados unilaterais

A Câmara Municipal de Mutare, na vizinha República do Zimbabwe, acaba de enviar a Moçambique resultados unilaterais das análises sobre poluição alegadamente feita nas águas do rio Munene, em cuja nascente, do lado zimbabweano, foi estabelecida uma enorme lixeira.

A Directora Provincial da Coordenação da Acção Ambiental na província central de Manica, Natércia Nhabanga, que lidera a comissão multi-sectorial constituída para averiguar o problema, disse que os resultados avançados pela contraparte zimbabweana são superficiais porque não se referem a componente contaminação que é a preocupação moçambicana.

Os resultados, segundo Nhabanga, procuram apenas trazer à ribalta informação atinente aos padrões de potabilidade e qualidade de água recomendados pelas Nações Unidas sem, no entanto, apresentarem alguns dos elementos cruciais que possam conduzir a uma conclusão científica sobre se há ou não contaminação do rio.

“Moçambique espera uma análise que possa determinar se, em consequência da lixeira criada na nascente do rio Munene, as águas daquele curso natural, que são consumidas pela população, a jusante, estarão ou não a ser contaminadas”, insistiu Nhabanga, citada pela edição de quarta-feira do “Notícias”.

O agravante é o facto de no local estar a ser depositado lixo diverso, incluindo de origem hospitalar, biomédico e industrial, considerado bastante nocivo à saúde pública e ao ambiente.

A directora provincial diz ser prudente que se continue a esperar pelos resultados encomendados ao Ministério da Saúde que, na sua óptica, embora estejam a demorar, são os mais fiáveis porque serão realizados por técnicos nacionais e dentro dos parâmetros exigidos.

Nhabanga disse que na gestão das bacias hidrográficas partilhadas tem de haver respeito pelas regras internacionalmente aceites, pelo que o estabelecimento de uma lixeira na nascente de um rio é uma afronta ao ambiente e gritante violação dos princípios básicos de partilha das águas superficiais internacionais.

Há dias, a Directora Provincial do Ambiente de Manica disse que os resultados das análises laboratoriais da eventual poluição das águas do rio Munene seriam conhecidos brevemente e que técnicos do Ministério da Saúde já se haviam deslocado a Mutare para retirar as amostras e posteriormente analisar em laboratório, para determinar uma eventual contaminação das águas daquele rio transfronteiriço.

Os resultados destas análises, segundo Nhabanga, serão considerados como base científica para que a província de Manica possa prosseguir com os seus esforços visando o desmantelamento da lixeira sobre a nascente de Munene que polui não só este rio como também o Revué, cuja albufeira constitui o principal centro pesqueiro e fonte de abastecimento de água aos principais centros urbanos da província de Manica.

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