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Pessoas desaparecem a procura de refúgio

Mohidin Adam Ibrahim, de 27 anos de idade, chegou ao campo de refugiados de Maratane, na província moçambicana de Nampula, no Norte do país, em Fevereiro de 2010, mas está ainda à espera de uma decisão sobre o seu estatuto de refugiado e fala de pessoas que não conseguiram completar a viagem até Moçambique.

“Eu tinha uma pequena farma onde plantava coisas para vender na minha loja em Mogadíscio. A polícia queria comprar minha loja, mas a Al-Shabab (grupo rebelde) dizia que eu era um espião do governo e que eles me iriam matar. Eles me levaram para a prisão deles onde fiquei durante 33 dias até que as forças governamentais atacaram o lugar e eu aproveitei fugir. Eu sabia que eles me iam matar se eu não abandonasse o país,” disse.

“Deixei a minha esposa e os meus dois filhos e fui para Kismayo e escondi-me lá durante 12 dias. Depois atravessei a fronteira para o Quénia, mas não fui para o campo de refugiados porque a Al-Shabab podia estar lá. Fui a Mombasa e disse ao traficante de pessoas que tinha 300 dólares americanos para viajar de barco para Moçambique.”

“Preferimos vir por mar, é mais rápido porque não há postos de controlo policial. Sabemos que é perigoso mas na nossa religião acreditamos que quem morre no mar vai directamente para o céu,” disse Ibrahim.

“Havia dois barcos transportando 500 pessoas cada, entre etíopes e somalis. Eles nos deixaram perto de Mtwara (na fronteira entre a Tanzânia e Moçambique) e nós demos algumas roupas e dinheiro a alguns pescadores para nos ajudarem a atravessar o rio. Muitos de nós não sabia nadar e dois de nós afogaram-se no rio. Muita gente se perde a caminho daqui.”

“Levou-me cerca de uma semana de caminho até à fronteira. Em Palma (Moçambique) ficámos num campo atrás de uma esquadra da polícia. A polícia arrancou-nos os telemóveis e depois começámos a vender as nossas roupas para sobreviver (até nos transportarem para Maratane).”

“Eu estou em contacto com alguns dos somalis que já partiram daqui e foram para a África do Sul e eles me dizem que a África do Sul já não admite mais somalis. Eu estou aqui à procura de legalizar a minha estadia num outro país logo que consiga o meu estatuto de refugiado,’ disse Ibrahim.

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