Os programas sociais do presidente Ollanta Humala podem reduzir drasticamente a extrema pobreza no Peru, mas é preciso colocar a todo o vapor a maquinaria do Estado para resolver os protestos dos moradores que não sentem os benefícios do boom económico do país, afirmou o governo, esta Terça-feira.
A ministra da Inclusão Social, Carolina Trivelli, disse, esta Terça-feira, durante o Reuters Latin American Investment Summit que o governo está a construir uma rede de apoio social nas zonas rurais ignorada pelo Estado durante muito tempo para garantir os bens básicos como alimentos e atenção à saúde.
“Com isso, provavelmente, não vamos resolver os protestos sociais, mas é o primeiro que temos que cobrir, o primeiro passo que temos que dar é garantir que todos os peruanos e peruanas possam ter acesso aos serviços públicos, que corresponde a eles por direito”, afirmou a ministra.
Os conflitos sociais voltaram a manchar, esta semana, a gestão de Humala com a morte de pelo menos duas pessoas durante um intenso protesto contra uma mina de cobre da multinacional Xstrata, à qual exigem mais apoio económico para a região onde opera, no sul do país.
Para deter o protesto, o governo teve que autorizar o uso da força militar e suspender as garantias na região do conflito, a província de Espinar, a segunda medida deste tipo que Humala decreta para resolver um protesto contra uma mineradora desde que assumiu a Presidência em Julho do ano passado.
Trivelli afirmou que o esforço do governo está focado na redução da pobreza, que está em 30,8 por cento, e os resultados mostram que houve mais sucesso nas cidades do interior, onde vive a maioria dos pobres.
“O índice da pobreza rural chega a quase 60 por cento e a pobreza extrema na zona rural é de 23 por cento. Esses são os índices que nos preocupam. Ali é onde está o foco dos conflitos”, afirmou.
O seu ministério foi criado há sete meses por Humala, logo depois de assumir a Presidência. Ela é considerada uma das duas principais integrantes do governo, junto ao ministro da Economia, Luis Castilla, para cumprir a promessa de Humala de manter a política económica com melhores indicadores sociais.
O Peru tem registado um crescimento económico médio anual de 6 por cento na última década, apoiado pelo auge de suas exportações de matérias-primas e sua demanda interna no meio dum grande fluxo de investimentos estrangeiros.
“A inclusão social é de longo prazo, não vamos conseguir fazê-la em um ano, não vamos poder dizer que estamos a ser inclusivos, o que fizemos foi dar os primeiros passos com acções em direcção à inclusão social”, disse Trivelli.