Para continuarmos  a fazer jornalismo independente dos políticos e da vontade dos anunciantes o @Verdade passou a ter um preço.

Parlamento Juvenil e ADECRU recusaram encontro com Banco Mundial

O Parlamento Juvenil (PJ) e a Acção Académica para o Desenvolvimento das Comunidades Rurais (ADECRU), duas organizações da Sociedade Civil, recusaram um convite do Banco Mundial (BM) para um encontro de “cortesia” com os nove Directores Executivos que na semana passada visitaram Moçambique.

O PJ informou em comunicado que “a agenda do BM é obscura” e por tal declinou o convite.

A ADECRU foi mais longe e falou da “podridão” de uma agenda que visa falar hiprocritamente da expropriação de terra de camponeses “por projectos florestais, de agro-negócios e minerais em Niassa, Tete e Cabo Delgado, por multinacionais, por si financiadas produtores de commodities para o mercado externo em prejuízo da produção alimentar relegando milhares de camponeses a fome e miséria, numa mesa redonda cheia de comida e fruta transgénica venenosa proveniente da vizinha África de Sul”.

Em comunicado a associação moçambicana de estudantes e jovens, na sua maioria provenientes do meio rural Rurais, considera “o convite do BM para um Almoço-buffet de Reunião com os Directores Executivos do Banco Mundial, um insulto à inteligência não só das organizações da sociedade civil mas sobretudo dos cerca de 23 milhões de moçambicanas e moçambicanos. Condicionar e sujeitar as organizações da sociedade civil a exporem os seus problemas, anseios, sonhos, desafios num almoço, é, no mínimo, inaceitável e atenta contra todas as formas democráticas de expressão e participação. Demonstra ainda o quão o BM desrespeita intransigentemente a agenda e as lutas das organizações da sociedade civil e dos povos. “

A ADECRU acrescenta que acredita que somente a força de pensamento único e a mentalidade imperialista e escravagista de que sois portadores e mensageiros caros ilustres Directores Executivos do BM , que “se expressa na violenta e desumana ideologia neoliberal”, de algumas potencias que há vários séculos controlam o mundo, subjugando biliões de pessoas, vos pode mover e fazendo-vos agir continuamente nestes moldes.

Pode-se ainda ler no comunicado da ADECRU que a organização entende que “a instituição BM e outros agentes e instâncias imperialistas globais como: International Finance Corporation parceira da Vale na mina de Moatize-Tete, Fundo Monetário Internacional, Organização Mundial do Comércio, devem, por isso, ser ampla e radicalmente denunciados e repudiados por todas as pessoas e organizações de bem, por representarem uma grave ameaça aos genuínos esforços de construção da nossa jovem democracia e usurpar a soberania dos povos.”

“Exigimos ainda que os ilustres senhores Directores Executivos do Banco Mundial deixem de lado a prepotência e arrogância que vos é característica, e se submetam, no mínimo, a um escrutínio e vontade dos cidadãos de Moçambique e do mundo em sala de aulas de uma escola, universidade ou mesmo num campo aberto, com uma agenda das organizações da sociedade civil, das comunidades rurais, dos povos oprimidos e empobrecidos por vossas politicas ultrapassadas e caducas ao invés de um pseudo “Almoço-buffet”.

“Exigimos sim que falemos de total falta de responsabilização e de transparência dos projectos/programas de investimentos do Banco Mundial; falemos do vosso papel e influência e responsabilidade nas políticas falhadas para o sector agrário, particularmente na indústria do caju por vós falida impunemente; da pressão junto do Governo para a alteração da lei de terra e demais instrumentos legais de defesa dos direitos das comunidades rurais. Queremos sim e exigimos já que haja uma verdadeira e genuína Parceria Global, que integre movimentos sociais e organizações da sociedade civil e todos Povos do mundo por uma exemplar Responsabilização Social e criminal do Banco Mundial e todos os seus comparsas.” Conclui a ADECRU no comunicado enviado à nossa redacção.

Refira-se que o Banco Mundial, que é um dos principais financiadores do Governo de Moçambique, que tem uma dívida de quatro mil milhões de dólares norte-americanos, e o grupo Directores do BM que visitou Moçambique durante três dias era composto por nove membros que representam cinco continentes e 70 países. A última vez que Moçambique recebeu uma delegação de tal envergadura foi há 18 anos.

O objectivo da visita era de inteirar-se das preocupações do Governo, sector privado, organizações não governamentais e sociedade civil de modo a se ter impressões do impacto dos projectos do Banco Mundial em Moçambique.

Facebook
Twitter
LinkedIn
Pinterest

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Related Posts

error: Content is protected !!