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Os zumbis de George A. Romero invadem o Festival de Veneza

Os zumbis invadiram esta quarta-feira o Festival de Veneza através de “Survival of the dead”, uma obra-prima do terror do diretor americano George A. Romero, enquanto que o italiano Michele Placido apresentou “Il grande sogno”, um dos filmes italianos que estão na disputa pelo Leão de Ouro da mostra.

“Survival of the dead”, que integra o gênero dos mortos-vivos ou filmes de zumbis, inventado pelo próprio George A. Romero, apresenta dois clãs de “vivos” que se enfrentam em uma pequena ilha no nordeste dos Estados Unidos. Os O’Flynn querem eliminar os zumbis explodindo suas cabeças com tiros de fuzil (ou de metralhadora, pistola, ou com granadas, machados, o que for…) enquanto que os Muldoons preferem prendê-los até que a preparação de uma “vacina” seja concluída.

Assim como o cenário, os efeitos especiais do filme são pobres, comenta a revista norte-americana Variety, o que, claro, não incomoda os fãs do gênero. Pesadelos a parte, os sonhos revolucionários de 1968 e as angústias de uma maternidad difícil são os temas dos filmes italianas apresentados nesta quarta.

Michele Placido (“Romanzo criminale”) exibiu “Il grande sogno”, que narra a rebelião da juventude italiana em 1968, por meio do romance entre Laura (Jasmine Trinca), uma burguesa revolucionária, e Nicola (Riccardo Scamarcio), um policial que sonha em seu ator. A ambiciosa obra de Placido, que narra o desejo de uma geração inteira de mudar a sociedade, é um filme autobiógráfico e de roteiro simples.

A repressão, as detenções, a fuga, os enfrentamentos entre a polícia e os estudantes diante da famosa Faculdade de Arquitetura de Roma, a liberação feminina, a decadência da família tradicional católica e o presságio do início dos anos negros do terrorismo, servem de cenário para a história de amor.

Dedicado “à memória daqueles que perderam a vida lutando pela liberdade e pela democracia no Irã, da Revolução Constitucional de 1906 ao Movimento Verde de 2009”, “Femmes sans hommes” também entrou na mostra competitiva. Adaptado de um romance de Shahrnush Parsipur, o primeiro filme da cinegrafista e fotógrafa iraniana Shirin Neshat relata os problemas políticos de 1953, quando o governo iraniano nacionalista de Mohammed Mossadegh foi derrubado.

Quatro mulheres – uma prostituta, uma militante, uma burguesa cosmopolita e uma jovem tradicional – lutam por sua emancipação, e se refugiam em um pomar quase encantado. Os quatro destinos são contados em meio a uma bela atmosfera. Já o sonho íntimo de uma mãe de 42 anos que espera por 50 dias frente a uma incubadora pelo nascimento ou não de sua filha prematura é o tema do filme “Lo spazio bianco”, de Francesca Comencini, filha do grande mestre Luigi Comencini, uma obra original, delicada e com momentos visuais muito poéticos.

O filme retrata indiretamente uma geração de mulheres fortes, independentes e, principalmente, sozinhas, não apenas ante a maternidade, como também ante a vida. No Lido ensolarado, havia menos participantes no festival, já que muitos deixaram Veneza para o festival concorrente de Toronto (10-19 setembro) no Canadá, onde seus filmes também serão apresentados.

Após a exibição de sua divertida comédia selecionada para a mostra não-competitiva, “The man who stares at goats”, o ator norte-americano George Clooney deixava Veneza para apresentar um filme muito esperado que poderá render um Oscar, segundo rumores em Hollywood: “Up in the air”, de Jason Reitman. A bilheteria desta edição (2-12 setembro) registrou uma bela alta de 25% em relação ao ano passado, anunciou o presidente da Biennale Paolo Baratta. Criticada pela imprensa italiana pela “ausência de glamour”, devido à menor presença de estrelas e pelo aumento do número de filmes em competição (25), esta edição 2009 se aproxima de seu final sem que muitos longas-metragens na disputa pelo Leão tenham marcado o público e a crítica.

À exceção do norte-americano Michael Moore, com o cáustico “Capitalism : A love story”, e do israelense Samuel Maoz – cujo filme também foi selecionado para Toronto, Nova York, Londres e Pusan (Coreia do Sul) -, os outros cineastas não causaram muita empolgação.

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