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Macoloma: Os nossos intelectuais têm medo de ir aos cafés, segundo Fernando Mazanga

Senhor Fernando Mazanga, no sábado passado comemorou- se o 7 de Abril, Dia da Mulher Moçambicana. O que é que se lhe oferece dizer, a propósito da data, sobre a emancipação do género feminino no desenvolvimento do nosso País?

Essa é uma pergunta por demais redundante, sobretudo porque em Moçambique os discursos políticos da nomenclatura são falaciosos. As verdadeiras mulheres, aquelas que deviam estar na proa, são apeadas e colocadas num canto onde vão ser facilmente controladas.

Você não pode falar da emancipação da mulher só porque temos mulheres como governadoras ou ministras. O andamento do país não pode ser visto apenas nesse ângulo. Estou a lembrar-me agora da Alice Mabota, uma mulher de fibra, que incomodou bastante a Frelimo, e hoje já não se ouve falar dela.

A emancipação da mulher nunca vai acontecer em Moçambique enquanto os dirigentes da Frelimo não perceberem e aceitarem que este país é de todos. Emancipação é uma palavra que vai para além dos interesses de muitos dirigentes da Frelimo, que se outorgam o direito de fazer as coisas a seu bel-prazer porque foram eles que libertaram a Pátria.

Foram eles que libertaram a Pátria uma ova! Quem libertou a Pátria fomos todos nós, numa luta heróica que começou já nos tempos de Ngungunana. Aliás, Moçambique já está a precisar de se libertar desses libertadores, como toda a África precisa, segundo palavras de Barack Obama, que subscrevo plenamente. “África precisa de se libertar dos seus libertadores, porque todos eles, ou quase todos eles, tornaram-se déspotas”.

Ainda sobre a mulher, temos ouvido falar muito pouco da Liga Feminina da Renamo!

Há uma tendência de a Frelimo querer esmagar a própria Renamo, e nós estamos atentos, nunca vamos permitir isso. A nossa Liga Feminina existe, com a mesma energia da Renamo. Temos mulheres inteligentes no nosso partido, mas são catalogadas como se fossem vacas para abate.

Catalogadas por quem?

Quem havia de ser?

Acha que Moçambique tem, neste momento, uma mulher para ocupar o lugar de Presidente da República?

A dimensão de uma mulher não se mede pelos cargos políticos que ocupa. Uma grande mulher é sempre uma grande mulher, seja em que área for. Discutir isso hoje em Moçambique é supérfluo, não é prioritário. O que nós queremos neste momento não é ter uma mulher como Presidente, porque você pode colocar lá a Luísa Diogo ou a Graça Machel ou a Maria Moreno, e virmos a concluir amanhã que, ao enveredarmos por esse cometimento, semeamos ventos e, como você deve saber, quem semeia ventos colhe tempestades. O que Moçambique precisa com muita urgência é de alguém sério e comprometido com o país, independentemente de ser homem ou mulher, venha de que partido vier.

Mesmo que venha da Frelimo?

O problema é que os intelectuais deste país demitiram- se da sua vocação, aliás nunca se assumiram como tal. E aqueles que ocuparam os seus verdadeiros lugares e expuseram os seus pensamentos sobre o seu país pagaram muito caro.

Mas eu tenho para mim que o grande papel de um intelectual é pensar, e não me parece que seja isso que está a acontecer. Os nossos intelectuais estão mudos, nem nos cafés falam. Aliás, nem aos cafés vão porque têm medo de ser vistos lá.

Ora bolas! Que raio de intelectuais são esses que não conseguem levantar a cabeça e questionar o Governo e expor as suas ideias? Um intelectual não precisa de andar na cintura com uma makarov, mas estes nossos têm medo, primeiro de perder o tacho, e depois temem as chibatadas e as AKM da PIR.

Muito obrigado, senhor Mazanga. Mais alguma questão?

Escreve no teu jornal que a Renamo ainda vai dar muitas cartas. É só esperarem.

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