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Os Kuankuarás: um grupo de dança em ascensão

Os Kuankuarás: um grupo de dança em ascensão

Se, por um lado, a revitalização da cultura na cidade de Mocuba é uma prioridade, em contrapartida, os artistas procuram enquadrar-se nos estilos dos países vizinhos para ganhar simpatia do público. Dois adolescentes criaram o grupo de dança “Os kuankuarás”, nome que deriva de uma coreografia angolana. Diga-se em abono da verdade que o estilo de dança está a ganhar espaço na nova Zona Económica Especial da Zambézia.

 

 

Quando o amor pelas artes aflora na pele de quem luta pela valorização da cultura, nenhum obstáculo consegue parar a vontade de mostrar o saber fazer ao público. Diga-se, há meses, que a nova dança proveniente da vizinha Angola chamada Kuankuara, emergente do Kuduro, invadiu as discotecas, bares e restaurantes um pouco por todo o país.

Na cidade de Mocuba, província da Zambézia, a dança entrou nos meados do ano em curso. O nível de aceitação do estilo coreografo é alarmante, não obstante, maior parte de menores de idade preferem escapar da custódia dos pais para praticar a famosa dança kuankuara. As estatísticas de adolescentes em idade escolar a enveredarem- se àquela dança são assustadoras.

A “invasão” do calão angolano, que na língua portuguesa significa rebentar, mudou os hábitos dos DJ´s da nova Zona Económica Especial, pois, a cada dia que passa, as exigências dos fregueses nos restaurantes e bares é baseada nas músicas em que a coreografia Kuankuara é praticada. Porém, o elevado índice de beneplácito por parte da população, levou à criação de um grupo cultural com o objectivo de ganhar o sustento a partir da revitalização do estilo de dança em referência.

“Os Kuankuarás” são, na verdade, dois adolescentes identificados pelos nomes de Arlindo Lexane e Cantaua Abubacar, que frequentam a oitava e nona classe, respectivamente, na Escola Secundária Pré – Universitária de Mocuba. O agrupamento de dança que está a ganhar a simpatia do público foi criado nos meados do mês de Junho, após o lançamento das coreografias Kuankuara nas principais redes sociais. As primeiras actividades da dupla eram realizadas a partir da exibição de vídeos das músicas que ilustravam o estilo de dança.

“Quando os angolanos lançaram a dança Kuankuara, vimos a oportunidade de profissionalizar os movimentos corporais através de entoações melódicas. No princípio, o estilo identificava-nos, mas, não tínhamos incentivos para prosseguirmos com o projecto. Volvido algum tempo, conseguimos ultrapassar parte das dificuldades”, refere Arlindo Lexane.

A colectividade ficou cada vez mais consolidada e preparada para actuar, mas não dispunha de meios suficientes para a revelação do talento que se encontrava detrás das cortinas. Já no mês de Julho, graças à influência de um jovem que organizava os ensaios, os Kuankuarás tiveram a oportunidade de actuar na piscina de Mocuba. Na Piscina Municipal de Mocuba, a colectividade passou a actuar nos finais-de-semana e ganhava um valor simbólico para suportar algumas despesas escolares inerentes a fotocópias, entre outros dispêndios.

“Ensaiámos bastante e sentimos que estávamos preparados para encarar o público, só que não conhecíamos promotores de eventos para nos proporcionarem uma actuação mas, graças à intervenção de um amigo que conhece o actual proprietário da piscina municipal, conseguímos um espaço para mostrarmos o que na verdade sabemos fazer”, disse Cantaua Abubacar. A era das actuações na piscina municipal de Mocuba marcou os primeiros passos para a profissionalização do grupo de dança no estilo Kuankuara.

Naquele local, o agrupamento actuou pelo menos dois meses. Com o término das actividades, a dupla foi solicitada a inscrever-se num concurso de dança promovido pela Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) em Mocuba.

Numa disputa que envolveu dezenas de colectividades que se encontram há anos no mundo da dança na nova Zona Económica Especial, os Kuankuarás eram os únicos novatos na área. Isso não influenciou na prestação, pois conseguiram ocupar o segundo lugar que lhes garantiu um prémio de três mil meticais.

“Depois de terminar as actuações na piscina, recebemos um convite da Igreja Universal para concorrermos numa disputa que envolvia grupos de dança reconhecidos na cidade. Aceitámos o desafio com o intuito de ganhar experiência convivendo com alguns profissionais da dança e, graças a Deus, ocupámos o segundo lugar e levámos para casa três mil meticais”, explicou Lexane.

“Candidatam-se ao Miss e Mister Mocuba Fashion School 2014”

Terminado o concurso promovido pela Igreja Universal, o grupo de dança ficou temporariamente parado. Porém, num piscar de olhos, teve conhecimento de que o Núcleo dos Estudantes da Faculdade de Engenharia Agronómica e Florestal (NEFEAF) da Universidade Zambeze (Uni-Zambeze) estava a organizar a segunda edição do maior concurso de dança, canto e desfile na cidade de Mocuba envolvendo os estabelecimentos de ensino secundário.

Com o reaparecimento do Miss e Mister 2014, a dupla viu uma oportunidade de mostrar o que na verdade sabe fazer quando os aparelhos sonoros fluem músicas com o estilo Kuduro, com destaque para o género Kuankuara.

Os jovens tomaram a decisão de se inscreverem para representar a Escola Secundária Pré – Universitária de Mocuba na categoria de dança. A primeira gala do maior evento na Zona Económica Especial da Zambézia esteve repleta de muitas emoções por parte dos Kuankuarás. É notório nas suas apresentações o entusiasmo do público. Na verdade, a dupla conseguiu, num curto intervalo de tempo, conquistar a atenção da plateia que em todas as actuações não dispensa aplausos e elogios.

“Quando recebemos a informação de que os estudantes da UniZambeze estavam a organizar um concurso que envolvia a dança, vimos a oportunidade de mostrar o nosso potencial ao público. Aceitámos o desafio de representar o estabelecimento de ensino que frequentamos. A primeira gala, embora repleta de dificuldades, conseguimos mostrar o nosso potencial na dança”, disse Lexane a terminar.

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