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Oposição egípcia desiste de boicote e defende “não” em referendo

A oposição laica e liberal do Egito disse na quarta-feira que fará campanha pelo “não” no referendo constitucional de sábado, desistindo de boicotar a votação, desde que haja salvaguardas para um processo justo.

Num revés nas tentativas de encerrar a crise política no Egito, o Exército cancelou um encontro entre as facções políticas para buscar a “unidade” nacional.

Uma fonte militar disse à Reuters que o cancelamento ocorreu por causa do “burburinho midiático” que deu a entender que as Forças Armadas estavam tentando forjar um diálogo nacional – termo politicamente carregado. “O Exército não pode guiar o processo político, e não será arrastado de volta para a política”, disse a fonte.

Pelo menos sete pessoas já morreram em confrontos no país desde o início da atual fase de turbulências, causada por um decreto que ampliou os poderes do presidente para acelerar a promulgação de uma nova Constituição.

A oposição diz que o projeto constitucional não reflete as aspirações de todos os 83 milhões de egípcios, já que alguns artigos seus poderiam dar papel legislativo a clérigos islâmicos. Os oposicionistas querem mais salvaguardas para direitos das minorias, inclusive para os 10 por cento de cristãos do Egito.

A votação para o referendo já começou em embaixadas no exterior, e o cancelamento do boicote pode contribuir para reduzir os confrontos nas ruas e dar mais legitimidade à Constituição caso ela seja aprovada.

Partidários do presidente Mohamed Mursi, ligado ao grupo Irmandade Muçulmana, dizem que a nova Constituição é um passo importante no processo de democratização iniciado com a revolta popular que derrubou o regime de Hosni Mubarak, no ano passado. Alguns governistas dizem que entre seus oponentes há saudosistas da era Mubarak.

A nova posição da coligação oposicionista foi definida numa reunião na quarta-feira. “Vamos votar ‘não'”, disse à Reuters o político Amr Moussa, ex-secretário-geral da Liga Árabe. Mas a oposição diz que o boicote será mantido se o referendo não tiver supervisão plena do Judiciário, garantias de segurança e monitoramento local e internacional.

Os adversários do governo também querem que o processo seja concluído em um só dia, e não em dois sábados sucessivos.

O esquerdista Hamdeen Sabahy, da coligação Frente Popular, disse que “a frente decidiu convocar o povo a participar do referendo e rejeitar essa proposta de Constituição, e votar não. Se essas garantias não estiverem em vigor até o dia do referendo, no sábado, vamos nos retirar dele.”

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