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Ópera e Orquestra Filarmónica encantam Maputo

Ópera e Orquestra Filarmónica encantam Maputo

A cidade das acácias rubras acolheu pelo sexto ano consecutivo o Festival Internacional de Música, um evento onde o público de Maputo tem a oportunidade ímpar de apreciar música clássica, jazz e outras actividades culturais. Este ano, e pela primeira vez em Moçambique, uma Orquestra Filarmónica completa encantou a pequena assistência que se fez presente na segunda noite do festival.

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No palco do Cine Teatro Gilberto Mendes, estiveram 63 músicos da Orquestra Filarmónica do Kwazulu Natal, da África do Sul, sob a batuta do maestro italiano Giogio Croci, tocando violino, viola, violoncelo, flauta, oboé, clarinete, fagote, trompa, trompeta, harpa entre outros instrumentos, e interpretaram algumas óperas famosas tais como “O barbeiro de Sevilha” de Gioacchino Rossini, “La Traviata” de Giuseppe Verdi ou “Romeu e Julieta – “Je veux vivre”” de Charles Gounod, esta última com a belíssima interpretação da soprano francesa Manon Strauss Evrard.

Na noite do dia 31 de Maio, 75 anos depois da sua estreia em Boston, Maputo deslumbrou-se com a peça “Porgy and Bess”, escrita por George Gershiwn, interpretada por dançarinos e coristas moçambicanos, uma soprano e um barítono norte-americanos e dirigida pelo maestro, também norte- americano, Peter Mark.

Esta peça, considerada divina pela crítica mundial, e que se tornou a maior ópera americana de todos os tempos, na qual o autor, fiel ao seu estilo, sintetizou as duas tradições que conhecia: a americana, representada pelo jazz e pelo spiritual, e a sinfónica europeia, foi encenada em apenas uma semana por Greg Ganakas que adaptou extractos da ópera original para apresentá- la em Moçambique com os poucos intérpretes profissionais que o festival conseguiu colocar à sua disposição.

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A ópera contou ao público que esgotou o Cine Teatro Avenida, a história de Porgy um mendigo aleijado que faz de tudo para conseguir ficar com sua amada Bess. Ela, apesar de também querer ficar ao seu lado, precisa de se livrar do seu amante opressor, Crown, e dos cortejos do traficante Sportin’ Life. Ambientada no sul dos Estados Unidos, na fictícia Catfish Row, na Carolina do Sul, nos anos ´30, apresenta um retrato convincente da vida de uma comunidade negra paupérrima, num período de intensa discriminação racial nos Estados Unidos da América.

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Com influência do jazz e da música religiosa, Porgy and Bess colocou no palco um elenco formado exclusivamente por negros e apresentou músicas que se tornaram clássicos mundiais, entre elas Summertime, uma canção de embalar, que até hoje corre o mundo separada da obra-prima, nas vozes de alguns dos maiores ícones da música americana, principalmente.

O Festival Internacional de Música de Maputo, organizado pela Associação para o Desenvolvimento Cultural de Moçambique, Kulunguana, surgiu por iniciativa de Moira Forjaz, uma fotógrafa amante da pérola do Índico, que um dia no ano de 2003, em Portugal, ouviu uma apresentação de um grupo de jovens moçambicanos que haviam sido enviados para estudar música clássica pelo falecido Presidente Samora Machel, nos anos oitenta, e depois de se profissionalizarem, por alguma razão, não regressaram a Moçambique.

Moira Forjaz, que há vários anos dirige o International Music Festival de Viana do Castelo, em Portugal onde vive actualmente, tem laços muito fortes com Moçambique onde, para além de muitos amigos, tem um filho, recordou- se com este episódio do desejo do primeiro Presidente de Moçambique, Samora Machel, de que os moçambicanos desenvolvessem talentos em todas as artes. Moira lembra-se de haver trabalhado na organização de uma grande Festival Cultural em Moçambique em 1980 envolvendo artistas de todas as províncias e com alguma saudade afirma que “vejo este Festival Internacional de Música de Maputo como a continuação do legado de Samora”.

Das dificuldades do primeiro Festival, Moira recorda-se que até um piano em condições não havia, hoje os desafios passam não apenas por trazer músicos de renome para actuarem mas também por engajar esses músicos na formação e treino de artistas moçambicanos. Sonha com o dia que Moçambique possa ter uma escola de música clássica de Masterclass. Em todas as edições o Festival tem prestado homenagem a um representante da vida cultural moçambicana. Este ano a homenageada é a socióloga, historiadora e uma das escritoras mais importantes do país Paulina Chiziane.

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