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ONU vê sérios contratempos na luta contra as drogas

A luta global contra os narcóticos sofreu sérios revezes, incluindo um recorde no cultivo de ópio no Afeganistão e um aumento na violência do tráfico na América Central, disse o chefe da agência antidrogas da ONU, Yury Fedotov, esta quinta-feira (13).

Fedotov também observou alguns êxitos, como uma retracção no mercado de cocaína, na abertura de uma reunião de dois dias que analisará a implementação de um plano de acção de 2009 para combater o problema das drogas antes de uma sessão especial da Assembleia-Geral da ONU em 2016, em meio a um debate acalorado sobre o mérito da liberalização das drogas.

O director-executivo do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (Unodc, na sigla em inglês), disse que a redução na oferta e na demanda de algumas drogas em uma parte do mundo foi parcialmente anulado por um aumento em outras regiões.

“De forma geral, a procura por droga não mudou substancialmente em nível global”, afirmou ele na conferência, que os organizadores dizem ter atraído 1.500 representantes de Estados-membros, organizações da sociedade civil e outros grupos. “Estamos muito preocupados com a vulnerabilidade de algumas regiões, em especial o oeste e o leste da África, ao tráfico ilícito de drogas”, afirmou Fedotov.

Há cerca de 27 milhões de “usuários de droga problemáticos” no mundo, e cerca de 210 mil mortes relacionadas aos narcóticos por ano, informou um documento da Unodc preparado para a conferência. Não há consenso a respeito da melhor maneira de enfrentar o problema, e críticos questionam a guerra às drogas e defendem uma legalização parcial para tentar minar os cartéis que se financiam com o tráfico de drogas.

Numa iniciativa que será acompanhada de perto por outras nações que discutem a liberalização, o Parlamento do Uruguai aprovou em Dezembro um projecto de lei que legaliza e regula a venda e a produção de soruma – o primeiro país a adoptar essa medida. Nos Estados Unidos, os Estados de Washington e Colorado legalizaram a venda de cannabis sob licença, embora a legislação federal não tenha mudado.

“AUMENTO ALARMANTE”

Uma declaração conjunta de países latino-americanos disse ter devotado “enormes” recursos no combate às drogas, mas que a acção não foi suficiente para lidar com desafios “cada vez maiores”. É necessária uma compreensão maior dos factores económicos que sustentam e estimulam o tráfico, disse a declaração.

Fedotov, que no começo da semana disse que a legalização não é uma solução, disse aos presentes que descartar as provisões de três convenções internacionais de controle das drogas – uma delas data de 1961 – não ajudaria a proteger a saúde das pessoas.

Raymond Yans, chefe do Painel Internacional de Controle de Narcóticos (Incb, na sigla em inglês), que monitora o cumprimento das convenções, afirmou que elas ajudaram a limitar o uso de narcóticos a propósitos medicinais e científicos. “Temos o direito de enfraquecer o sistema que levamos mais de 100 anos para implementar?”, questionou.

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