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Onda de contestação intensifica-se na China

A vaga de protestos na China está a intensificar-se e as autoridades estão a responder com uma dura repressão à fúria dos manifestantes, revelam fontes citadas pela imprensa internacional. Os protestos ganharam força durante o fim-de-semana na cidade de Zengcheng, a menos de cem quilómetros de Hong-Kong, depois de na sexta-feira uma vendedora grávida ter sido tratada de forma violenta pela polícia.

Trabalhadores rurais, incomodados com o acontecimento, acabaram por se envolver em confrontos com as forças de segurança, atirando-lhes pedras e tijolos. Na semana passada, na cidade de Lichuan, na Província de Hubei, os protestos surgiram na sequência da morte numa prisão de Ran Jianxin, ex-chefe do departamento de combate à corrupção. E há duas semanas, o Governo chinês enfrentara protestos nas principais cidades da Mongólia interior, depois de um pastor mongol ter sido atropelado por um han, naquilo que os manifestantes acreditam configurar um crime premeditado.

Na segunda-feira(13), foi a vez de veteranos militares se manifestarem em Pequim, afirmando terem-lhes sido negados trabalhos que lhes haviam sido prometidos. Para enfrentar os protestos, as forças de segurança chinesas recorrem a exibições da sua autoridade com a colocação de polícia paramilitar e de veículos blindados em várias cidades e com dezenas de detenções, relata o jornal “The Wall Street Journal”. Ainda que os vários protestos tenham sido originados por motivos distintos, a quantidade de incidentes evidencia o desafio enfrentado pelo Governo chinês em conter manifestações generalizadas de descontentamento político e social.

“Há um aumento da sensação de frustração de que os líderes não são capazes de transmitir uma mensagem consistente, unificadora, mesmo dentro do Partido”, disse o analista Kerry Brown, da Chatham House ao mesmo jornal. “As autoridades locais estão a reagir exageradamente em parte por causa de uma falta de clara liderança no topo”, acrescenta Brown. “Por causa da Primavera árabe e das inseguranças económicas que as pessoas enfrentam na China, o Governo tem respondido com dura repressão aos protestos, mesmo que eles sejam de natureza local”, disse Patrick Choyanec, um analista político de Universidade de Tsinghua, em Pequim, à CNN.

Nesta terça-feira, a polícia tentou trazer uma aparência de calma a Zegncheng, mas a fúria dos trabalhadores migrantes, discriminados pelas autoridades, continua visível, adianta a Reuters. Vários analistas avisam que o descontentamento de dezenas de milhões de trabalhadores representa uma verdadeira ameaça à estabilidade do país, a menos que esta parte da população comece a ser tratada de forma mais justa. As manifestações na China contra abusos de autoridade, apropriação indevida de terras ou disputas salariais não são novidade na China, mas a sua proporção tem vindo a aumentar consideravelmente nos últimos anos.

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