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Obama e Jintao prometem cooperação apesar das divergências

Os presidentes americano, Barack Obama, e chinês, Hu Jintao, prometeram na terça-feira cooperar em vários assuntos, principalmente para o êxito da conferência do Clima em Copenhague.

Um dia depois de um encontro com universitários em Xangai, o presidente dos Estados Unidos iniciou na terça-feira em Pequim a parte política de sua primeira visita a China. Após a reunião com Jintao, ambos concederam uma entrevista colectiva conjunta, sem responder perguntas e lendo declarações escritas.

Os dois presidentes se comprometeram com um esforço para manter “relações positivas, globais e de cooperação”, mas destacaram as divergências de maneira bastante diplomática. Temas como o clima, comércio, a cotação do yuan e os programas nucleares iraniano e norte-coreano estavam na pauta do encontro.

Uma cerimónia de recepção aconteceu no Palácio do Povo, na praça Tiananmen (Paz Celestial), no coração de Pequim, onde foram ouvidos os hinos das duas potências mundiais. “Esta é sua primeira visita, permita-me dar uma recepção quente na China”, declarou Jintao em um dia com temperatura abaixo de zero na capital do país. “O senhor tem trabalhado muito em prol das relações China-EUA”, completou.

Já Obama, acompanhado pela secretária de Estado, Hillary Clinton, reiterou a vontade de cooperar com Pequim. “Pensamos que um diálogo forte é importante não apenas para os Estados Unidos, como também para o resto do mundo”, declarou no início da reunião, antes da imprensa ser convidada a deixar o local.

No único tema de aparente concordância total, Estados Unidos e China afirmaram desejar que a conferência internacional sobre o clima, que acontecerá no próximo mês em Copenhague, resulte em um acordo com “efeito imediato”. Depois de destacar progressos na questão nas conversações com o presidente Jintao, Barack Obama declarou: “Sem os esforços da China e dos Estados Unidos, os maiores consumidores e produtores de energia, não pode haver soluções”.

“Concordamos em trabalhar juntos para alcançar um êxito em Copenhague”, completou Obama. “Nosso objectivo não é um acordo parcial, nem uma declaração política, e sim um acordo que cubra todas as questões nas negociações e que tenha um efeito imediato”. China e Estados Unidos são os dois maiores poluentes do planeta e muitos países esperam iniciativas das duas grandes potências económicas na Conferência sobre o Clima, prevista de 7 a 18 de Dezembro para a capital da Dinamarca.

Em um comunicado conjunto, os dois países reiteram que um acordo em Copenhague deverá estar “baseado no princípio de responsabilidades comuns, mas diferenciadas”, com metas de redução de emissões por parte dos países desenvolvidos e acções nacionais apropriadas de atenuação por parte dos países em desenvolvimento”. Muitos países aguardam iniciativas de Washington e Pequim antes do evento de Copenhague, mas alguns temem que decepcionem a comunidade internacional, apesar de suas responsabilidades.

As declarações mostraram ainda diferenças entre as duas grandes potências, cada vez mais interdependentes economicamente e com peso crucial nas grandes crises mundiais. Na economia, o presidente chinês declarou que os dois países devem rejeitar o protecionismo e fazer todo o possível para resolver as divergências comerciais. “Nossos dois países devem opor-se ao protecionismo e rejeitá-lo”, declarou Jintao, que também destacou o facto de Pequim e Washington terem reiterado a vontade de trabalhar juntos para “resolver de forma apropriada as divergências económicas e comerciais”.

O porta-voz do ministério chinês do Comércio denunciou na segunda-feira um protecionismo crescente nos Estados Unidos, acusação rebatida pelo secretário de Comércio americano, Gary Locke. No campo comercial, as relações bilaterais são tensas nos últimos meses, com uma série de investigações antidumping dos dois lados, ou medidas alfandegárias, como as decididas pelos Estados Unidos contra os pneus chineses.

A respeito do yuan, outro tema de divergências, Obama manifestou satisfação com as declarações da China a favor de uma taxa cambial mais guiada pelo mercado quando chegar o momento. Na questão nuclear, Washington e Pequim advertiram que o Irã que deverá assumir as consequências de um bloqueio na negociações sobre seu programa nuclear. “Concordamos que a República Islâmica do Irã deve dar garantias à comunidade internacional de que seu programa nuclear é pacífico e transparente”, declarou Obama.

“Nesta questão, nosso dois países e o restante do grupo 5+1 (EUA, China, Rússia, França, Grã-Bretanha e Alemanha) estão unidos. “O Irã tem a oportunidade de apresentar e demonstrar que suas intenções são pacíficas, mas se não aproveitar esta oportunidade, haverá consequências”, advertiu Obama.

A China sempre se mostrou reticente a respeito de sanções contra o Irã e prioriza a diplomacia. No entanto, um comunicado conjunto divulgado nea terça-feira destaca a preocupação de Pequim e Washington com os últimos acontecimentos relacionados ao programa nuclear iraniano. Ao mesmo tempo, os dois países reiteraram o compromisso com uma desnuclearização da península coreana e o apoio ao reinício das negociações multilaterais, abandonadas em Abril por Pyongyang.

A Coreia do Norte deixou a mesa de negociações para a suspensão de seu programa nuclear entre seis países (EUA, as duas Coreias, China, Rússia e Japão), mas no início de Outubro se declarou dispostaa retomar as conversações, com a condição de ter um diálogo bilateral prévio com os Estados Unidos. Em mais um assunto delicado, Obama afirmou a Jintao que é favorável a uma rápida retomada das discussões entre Pequim e representantes do Dalai Lama, líder espiritual dos tibetanos, informou uma alta fonte da delegação dos Estados Unidos que visita a China.

“Destacamos que os Estados Unidos reconhecem que o Tibete faz parte da República Popular da China e apoia uma rápida retomada do diálogo entre representantes do Dalai Lama e Pequim”, declarou Obama, segundo a fonte. O Dalai Lama é considerado um perigoso separatista por Pequim, acusação rejeitada pelo Prêmio Nobel da Paz, que reivindica uma ampla autonomia para a região do sudoeste da China. Mais tarde, em um frio glacial, Obama visitou a Cidade Proibida, a antiga residência imperial, fechada aos turistas, antes de um jantar de Estado oferecido por Hu Jintao.

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