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O “Pão Nosso de Cada Dia” do 25 de Junho

Desde 2002 o negócio dos panificadores aumentou, tendo surgido muitas padarias no mercado da capital. Porém, das várias existentes os consumidores consideram que a Padaria 25 é a que produz o melhor pão. O encarregado geral da fábrica, Daniel Chambal, revelou ao @VERDADE, o segredo que está por detrás da preferência dos clientes: a padaria usa o sistema italiano de “água fria” para o fabrico do pão. Localizada no Bairro 25 de Junho, a padaria, que ostenta o mesmo nome, possui no seu quadro de pessoal cerca de 18 funcionários em cada um dos três turnos.

De acordo com Daniel Chambal, encarregado geral da fábrica, a empresa panifi cadora funciona de segunda a sábado, com cerca de 50 revendedores. A produção diária é de 8000 pães. Cada unidade é vendida a quatro meticais aos revendedores, sendo acrescidos cinquenta centavos aos consumidores directos da padaria. A produção diária não deixa grandes sobras, obtendo-se uma margem de lucros satisfatória. O projecto de criar a Padaria 25 de Junho surgiu no ano 2000, altura em que Feliciano Luís, já falecido, foi enviado à Itália para frequentar um curso de fabrico de pão.

A formação teve a duração de seis meses e, após o seu regresso, a padaria abriu ao público em 2001. Uma vez em Moçambique, Luís trouxe na bagagem um segredo da Itália: a receita do pão que consistia no uso do sistema de “água fria.” Segundo o encarregado geral, trata- se de um sistema que consiste em juntar à massa (feita à base de farinha de trigo) água gelada: esta mistura é feita na amassadeira. Posteriormente, o produto vai à estufa que contém uma temperatura elevada, onde a massa cresce.

Por último, esta vai ao forno donde o pão sai “fofi nho” como se tivesse sido misturado com leite, quando na verdade se usou água gelada. A matéria-prima utilizada é composta por farinha de trigo, fermento, vitamina, sal e água. Estes ingredientes são facilmente adquiridos no mercado nacional. O responsável pela fábrica disse que, apesar de ser um processo de fabricação difícil, o mesmo tem tido resultados satisfatórios. Concorrência no Mercado Actualmente quase todas as padarias usam a mesma técnica o que origina uma grande competitividade no mercado panifi cador.

Segundo apurámos, a padaria que não usa este sistema difi cilmente consegue obter rentabilidade . Há nove anos atrás, a Padaria 25 de Junho era a única que recorria a este método. A partir de 2002 surgiram várias padarias que “compraram” o segredo através dos funcionários da fábrica, espalhando, assim, a receita italiana.

Desta forma, o negócio de fabrico e venda do pão tornou-se mais competitivo e a concorrência aumentou. Apesar de o negócio estar difícil, Chambal está optimista e revelou que a padaria continua a ser a preferida pelos consumidores. Quanto à estratégia de venda, a mesma é processada em dois sistemas: venda a grosso para os revendedores mediante um contrato, e aos consumidores do próprio bairro. A maior parte dos revendedores é constituída por mulheres denominadas “magwevas.”

Estas revendem o pão nos diferentes bairros dos arredores da capital. Com cinco camiões, a padaria faz a entrega da mercadoria nos mercados espalhados pela cidade de Maputo e arredores, nomeadamente Malhangalene, Fajardo, Zona Verde, Xipamanine, Benfi ca, T3 e outros. A Associação dos Panifi cadores da Cidade de Maputo é a entidade reguladora do registo das padarias e também fixa o preço do pão, que varia consoante a subida da matéria- prima. Circuito do pão Em torno da padaria existe uma fi la de mulheres que revendem o pão acompanhado de “bagias.”

O facto de a panifi cadora estar próxima do mercado 25 de Junho favorece tal prática pois diversas mulheres comercializam o produto nas suas bancas localizadas dentro e fora do mercado. Defronte deste, está localizada a Escola Secundária Zedequias Manganhela. Este circuito faz com que para além das famílias que compram o pão, os estudantes também adquiram o produto nos intervalos. À saída da padaria encontrámos Carla Salomão, uma revendedora que todos os dias compra o produto.

Tinha enchido uma bacia para revender nos arredores no bairro 25 de Junho. Carla referiu que prefere comprar este pão porque “é grande e bonito.” Acrescentou que o adquire no local há dois anos e, devido à aceitação por parte dos clientes, pretende continuar com o negócio. Mais adiante, defronte do mercado deparámos com Helena Agostinho, outra revendedora do mesmo pão há cerca de cinco anos, que compra 800 pães por dia, e os revende pelo preço de cinco meticais cada unidade. Mãe de uma filha de 1 ano, Helena Agostinho referiu que vive deste negócio e que o mesmo dá para o seu sustento.

Tem um rendimento mensal de sete mil e quinhentos meticais. Por seu turno, Lídia Elias é revendedora há quatro anos. Por dia compra 150 pães e obtém o mesmo valor em dinheiro como lucro diário. “Estou satisfeita com a venda deste pão, porque as pessoas que compram dizem que é saboroso”, afirma a nossa interlocutora.

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