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‘@Verdade EDITORIAL: O Nero moçambicano

Um bom líder não constrói um bom país; um bom país é feito/erguido por bons cidadãos; mas um mau líder, tal como um vendaval, destroça uma nação. Vai este intróito a propósito dos ventos que sopram da Pereira do Lago. Somos, não temos medo de o afirmar, governados por um imperador. O nosso Nero Cláudio César Augusto Germânico ascendeu ao poder em 2008 e desde então governa de forma extravagante e tirânica.

Enquanto o imperador romano perseguia cristãos, o nosso combate os seus críticos. Quanto a nós, as mudanças nas direcções editoriais de órgãos de informação públicos e privados é apenas um sintoma do que está para acontecer. Aliás, é uma autêntica manobra de distracção para nos esquecermos do perigo que representa o futuro.

O país caminha perigosa e vertiginosamente para a fórmula Angola. Um Estado sem liberdade e onde a liberdade de opinião e expressão é todos os dias estuprada pelo ídolo do Nero. Quando foi eleito, o nosso Nero visitou o país irmão igualmente governado de forma tirânica por um outro Nero déspota e caquético.

A ideia brilhante do nosso Nero reside na materialização de uma sociedade genuflexa, sem debate e amorfa. Uma sociedade de adoradores e aduladores. Uma sociedade acéfala e pronta a glorificar os desvarios do nosso Nero. O Goebbels já espalhou sementes pelos órgãos de informação e derrubou o ideólogo da única televisão independente que lutava contra a genuflexão militante. Caiu Jeremias, um dos últimos redutos da verticalidade no Grupo Soico. Antes foi José Belmiro, um dos rostos do inconformismo televisivo e jovem de grandes causas.

A TV Miramar também sucumbiu ao poder de Goebbels. Tudo isso para agradar ao todo pode- roso Nero. O jornalismo lambe as suas feridas e sente-se cada vez mais acossado pelos gladiadores de Nero. Eduardo Constantino, a voz autorizada do Sindicato Nacional de Jornalistas, escafedeu-se, engravidou o silêncio. Os mais atentos dizem que se escondeu em qualquer esgoto da sacanice a tocar uma cítara enquanto a classe definha diante das engrenagens do rolo compressor que faz estragos profundos na vida de cidadãos livres.

Mas não se trata do fim. Nero terá de gastar mais do que dois milhões de dólares para matar a liberdade. O que custou o sangue de moçambicanos e moçambicanas não se verga por tão pouco. Enquanto as estratégias de entorpeci- mento das vozes discordantes ganha robustez, os combatentes da verdade recuam para se municiarem.

Nero ganhou os primeiros assaltos, mas irá perder a luta. Rodeou-se de indivíduos desprovidos de massa cinzenta. Esse foi o seu maior erro. Vamos reerguer-nos e a luta só terminará quando Nero, mais uma vez, preferir o “suicídio” ao opróbrio… Boqueirão da Verdade

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