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O golpe de Estado falhou na Turquia, 104 revoltosos abatidos e há pelo menos 194 mortos

A Turquia foi abalada nesta sexta-feira à noite por uma tentativa de golpe de Estado levada a cabo por elementos do Exército que, após um momento inicial, acabou por ser abortada pelas tropas leais ao Presidente Recep Erdogan. As forças leais ao Presidente abateram 104 militares revoltosos, assegurando que outros 2839 foram detidos, indicou neste sábado o primeiro-ministro Binali Yildirim.

Yildirim disse em conferência de imprensa que a situação está “completamente controlada” e pediu às pessoas para esta noite encherem as ruas com bandeiras da Turquia, repetindo os apelos de Erdogan.

Numa declaração à televisão oficial turca, o general Umit Dundar, chefe do Estado-Maior interino das tropas leais a Erdogan, confirmou a morte de outras 90 pessoas – dois soldados, 41 polícias e 47 civis -, elevando para 194 o total de vítimas mortais da sublevação, entretanto abortada. “Caíram como mártires”, sublinhou Dundar, referindo-se às 90 vítimas mortais.

Erdogan já disse que a “traição” dos golpistas constituiu uma “dádiva de Deus” e que vai permitir limpar o Exército. “Este levantamento, este movimento, é um grande presente de Deus para nós, porque o exército será limpo”, disse Erdogan em conferência de imprensa, pouco depois de aterrar em Istambul, assegurando que os golpistas vão pagar caro pela “traição”.

O Presidente turco, que se encontrava de férias num hotel em Marmaris, estância turística na costa do Mar Egeu e que foi bombardeado esta madrugada pouco depois de ter saído do edifício, culpou pelo golpe de Estado os apoiantes do seu arqui-inimigo, Fethullah Gülen, um imã exilado há anos nos Estados Unidos da América.

O movimento que apoia Gülen (Hizmet) já condenou o golpe, num comunicado em que sublinha que “há mais de 40 anos que Fethullah Gulen e o Hizmet têm defendido e demonstraram o seu compromisso com a paz e a democracia”.

Em 2013, o fundador do poderoso Movimento Gülen, com milhões de seguidores na Turquia, entrou em ruptura com Erdogan e o seu Partido da Justiça e Desenvolvimento (AKP, no poder desde 2002), que apoiou na fase inicial da sua ascensão. Seguiu-se uma dramática luta pelo poder e o início da repressão ao Hizmet no país – acusado por Erdogan de pretender construir um “Estado paralelo” – através do encerramento de dezenas de escolas e processos judiciais contra figuras políticas e militares associadas a este movimento.

Num primeiro momento, poucas horas após o início da rebelião militar, o exército sublevado indicou ter o controlo do país e estabelecido a lei marcial, ao mesmo tempo que acusavam Erdogan de ser “traidor” e de ter estabelecido um “regime autoritário de medo”.

Num comunicado lido na televisão turca TRT, o exército turco, ainda sem um rosto – o primeiro-ministro turco, Binali Yildirim, disse que à frente do golpe estão cerca de 40 comandantes militares, incluindo um general que entretanto morreu no decurso da tentativa de golpe – assegurou então que o país seria governado por uma denominado “Conselho de Paz” para dar “a todos os cidadãos, todos os direitos” e “estabelecer a ordem constitucional” e “restaurar a democracia”.

Mas as forças leais ao presidente turco, apoiadas por um número significativo de civis que saiu à rua em resposta aos apelos dos governantes, acabaram por controlar o golpe.

À medida que os acontecimentos se desenrolavam na Turquia, vários países foram afirmando a sua condenação pelo golpe e pedindo respeitos pelos que foram democraticamente eleitos.

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