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Novo presidente do Chipre passa de “detestável” a “legal”

A vitória do conservador Nicos Anastasiades nas eleições presidenciais do Chipre, este Domingo (24), marca a volta impressionante de um político cuja carreira foi quase destruída por uma aposta política em 2004.

Um orador afiado e activo que não faz rodeios, Anastasiades, de 66 anos, venceu confortavelmente o seu rival de esquerda, Stravros Malas, obtendo 57,5 por cento dos votos.

A vitória veio depois que ele abriu o seu caminho de volta na aceitação popular após uma derrota debilitante nove anos atrás, quando apoiou um plano impopular das Nações Unidas para reunificar etnicamente a ilha dividida.

Um dos seus apelidos na época era “Nick Detestável”, criado por um colunista de jornal popular. Uma década depois, o mesmo colunista agora o chama de “Nick Legal”, reflectindo a sua popularidade crescente apesar da sua reputação de um advogado cabeça quente com uma suposta inclinação para lançar cinzeiros.

Hoje, ele fica abertamente emocionado ao falar sobre a queda do Chipre em direcção a um Estado quase falido que precisa de resgate. “Essa é uma questão dolorosa”, disse ele ao ser questionado sobre a queda de Chipre numa entrevista dias antes das eleições. “É um Chipre de miséria e sopas para os pobres e um Estado que não pode cumprir as suas obrigações básicas. Só consegue me provocar dor.”

Ao longo do caminho, Anastasiades cultivou um acesso impressionante a grandes autoridades como a chanceler alemã, Angela Merkel, cujo apoio será vital quando ele tentar costurar um resgate financeiro para a ilha em dificuldades.

Ele encontrou-se do lado errado da opinião pública durante um dos períodos mais divididos da política cipriota, quando os cipriotas turcos e gregos foram chamados para votar num plano da ONU para reunir Chipre como uma federação flexível.

Anastasiades e o seu partido Comício Democrático disseram “sim” para o plano, só para então descobrir que 76 por cento dos gregos cipriotas disseram “não”. “Não é uma questão de arrependimento”, disse Anastasiades à Reuters quando questionado sobre a sua decisão de apoiar o plano.

“É uma questão de aceitar e respeitar a vontade popular.” Muito pode acontecer numa década. A sua candidatura à Presidência foi apoiada pelo Partido Democrático, que há nove anos fez forte campanha contra o mesmo plano, só faltando chamar os seus defensores de traidores.

Poucos dias depois do referendo, agressores desconhecidos lançaram uma granada na sua casa. Quatro anos depois, em 2008, Anastasiades optou por não sair candidato à Presidência.

Outro membro do partido disputou no seu lugar, perdendo para o actual presidente Demetrix Christofias, o homem que Anastasiades agora acusa de acabar com a economia.

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