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Novo conceito de “escravos bantu”

Livro

Os elementos musicais vindos da África central e austral, com os traços das suas origens étnicas, foram apresentados pelo professor congolês da Universidade de Kent, no Ohio, Kazadi wa Mukuna, no seu mais recente livro, publicado com o título “Contribuição bantu para a música popular brasileira: perspectivas etno-musicológicas”.

Procurando explorar as mutações registadas na música africana no Brasil, o investigador congolês expôs no livro as várias formas expressivas do samba (proveniente do bantu, semba) e o seu papel nas diferentes configurações coreográficas daquele país da América Latina.

Com uma exibição delineada dos mapas indicativas do século XVI do antigo Congo e, consequentemente, da zona “Congo- Angola”, na qual os escravos africanos eram colocados após a travessia do Atlântico, o livro destaca igualmente os movimentos dos “gentios congos” em direcção ao Vale do Paraíba, a Norte de São Paulo.

 

De acordo com o historiador Simão Souindoula é esta mobilidade que criou, irreversivelmente, os suportes musicais, dos ritmos e das coreografias bantu entre os países da América do sul e que precisa de ser melhor aproveitada, por ser uma parte fundamental dos estudos dos valores da cultura nacional além-fronteiras.

“O etno-musicólogo congolês Kazadi wa Mukuna empenhou- se em fazer figurar no seu trabalho, um notável exercício comparativo, onde figuram várias transcrições e partituras de cantos bantu, tais como os do Congo e Lubas da África central, assim como o dos Makonde do Sudeste da Tanzânia e do Norte de Moçambique”, explica Simão Souindoula.

Reeditado pela terceira vez, com o selo da Terceira Margem Editora Didáctica, o livro escrito em 223 páginas, com o prefácio do antropólogo austríaco, Gerhard Kubik, representa, para Simão Souindoula, um estudo valioso que permitirá às pessoas redefinirem o conceito geral do papel dos “escravos bantu” nas colónias.

Segundo o historiador angolano, esta nova publicação do livro é uma mais valia significativa para o país, principalmente por representar a obtenção de um melhor conhecimento sobre a forte influência civilizacional dos africanos no Brasil.

“É por constituir a mais importante estrutura cultural negra no novo mundo, que sem dúvida, o Comité de Organização da terceira edição do Festival Mundial das Artes Negras, que será realizado em Dezembro de 2009, na cidade de Dakar, decidiu convidar o Brasil, a título de “país de honra”, para esse grande reencontro da “Afrikiya”, realçou.

De acordo com o historiador, no livro, o autor coloca ainda em evidência, firmemente, para maior compreensão dos leitores, os laços entre as expressões musicais afro-brasileiras e as da área cultural constituída pela África Central, a Austral e a Oriental.

Baseando-se nos pesquisadores Kubik e Mourão, que publicaram nos anos 70 estudos sobre “Traços característicos de Angola na música negro-brasileira” e “Locutores de línguas bantu na textura da cultura brasileira”, respectivamente, o autor teve o cuidado de anexar também, ao trabalho publicado, algumas fotografias que ilustram a execução de diversos instrumentos bantu.

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