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Novas culturas têm mais nutrientes para combater a fome

Pesquisadores de plantas estão a desenvolver novas variedades de sete culturas de alimentos básicos, cada uma com níveis elevados de micronutrientes essenciais e com potencial para recompensar os agricultores com produções mais altas.

Esse novo método é chamado de biofortificação. O objectivo é levar uma alimentação mais saudável às pessoas que dependem dos alimentos básicos para a maioria das calorias que consomem. (A maior parte do melhoramento de plantas até agora se concentrou em ajudar os agricultores a aumentar a produtividade com o desenvolvimento de sementes resistentes a doenças e pragas.)

“Para bilhões de subnutridos que vivem em áreas remotas e não têm como pagar por alimentos nutritivos, a biofortificação é uma grande promessa”, disse Howarth Bouis, diretor da HarvestPlus, organização internacional de cientistas agrícolas e nutricionistas.

Adicionar micronutrientes em alimentos básicos “é exatamente o que precisamos para melhorar a saúde global”, disse o embaixador William Garvelink, líder da iniciativa Alimentar o Futuro, esforço do governo Obama para combater a fome no mundo.

Garvelink falou em Washington, durante a primeira conferência internacional sobre biofortificação. Segundo Bouis, a desnutrição é uma “fome oculta” para pessoas sem meios para comprar alimentos complementares ricos em vitaminas e minerais, como frutas e verduras.

Crianças em Uganda experimentam batata-doce alaranjada, cultura rica em vitamina A disseminada no país em 2007 pela HarvestPlus

Mais de 50% das mulheres nos países em desenvolvimento têm anemia porque não comem quantidades suficientes de ferro, o que as coloca em risco durante a gravidez. A deficiência de ferro faz com que as crianças tenham dificuldade de concentração na escola e reduz a capacidade dos adultos de fazer trabalhos físicos. A deficiência de ferro também prejudica o crescimento e torna as crianças vulneráveis a diarréia e pneumonia. A falta de vitamina A coloca as crianças em risco de diarréia, sarampo e, às vezes, cegueira.

A batata-doce alaranjada, rica em vitamina A, é o primeiro alimento básico biofortificado a atingir um grande número de agricultores e consumidores. A HarvestPlus começou a disseminar a batata-doce alaranjada em Moçambique e Uganda em 2007. O grupo pretende levar variedades de milheto enriquecido com ferro para a Índia em 2011. Em 2012, a HarvestPlus levará feijão enriquecido com ferro para Ruanda, milho enriquecido com vitamina A para a Zâmbia e mandioca enriquecida com vitamina A para a Nigéria.

O grupo planeja levar arroz enriquecido com ferro para Índia e Bangladesh e trigo fortificado com zinco para Índia e Paquistão em 2013. Depois que uma cultura biofortificada é desenvolvida e testada para comprovar que pode melhorar a saúde dos consumidores, o desafio para os pesquisadores é convencer os agricultores locais a cultivá-la e os consumidores a comê-la.

Para convencer os consumidores de Moçambique e Uganda a comer a variedade alaranjada de batata-doce, a HarvestPlus trabalhou com grupos não governamentais locais, indo à casa das famílias e explicando os benefícios para a saúde do tubérculo com raiz colorida. (Tradicionalmente, a preferência africana é pela batata de polpa branca, que é deficiente em vitamina A e tem consistência diferente da nova variedade mais nutritiva.)

A campanha da HarvestPlus também colocou anúncios em rádios e patrocinou apresentações em cinemas e teatros dos povoados sobre os benefícios para a saúde da batata alaranjada.

Segundo Bouis, a biofortificação é mais barata do que tratar as deficiências de nutrientes com suplementos alimentares ou fortificar alimentos durante o processamento.

“Quando os alimentos biofortificados entram no sistema de alimentação, eles estão disponíveis ano após ano” com pouco custo adicional, disse, enquanto os suplementos são caros, como também o custo de levá-los a todos que precisam deles. Também é caro transportar os alimentos fortificados, como o sal iodado e a farinha enriquecida.

A HarvestPlus foi fundada em 2003 com financiamento da Fundação Bill e Melinda Gates, do governo canadense, da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID), do Departamento para o Desenvolvimento Internacional do Reino Unido e do Banco Mundial.

Entre seus colaboradores de pesquisa na África estão o Centro de Arroz da África, o Instituto de Pesquisa Agrícola em Ruanda e o Instituto Nacional de Pesquisa de Culturas de Raízes da Nigéria.

Entre os colaboradores internacionais estão o Centro Internacional de Melhoramento de Milho e Trigo, o Centro Internacional de Agricultura Tropical e o Instituto Internacional de Pesquisa do Arroz. Para mais informações, acesse o site da HarvestPlus.

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