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Navio “pirata” carregado de pescado ilegal a caminho de Moçambique

As autoridades moçambicanas estão prestes a deter um navio pirata carregado de espécies marinhas supostamente capturadas ilegalmente e que equivalem a milhões de dólares norte-americanas. “Thunder é o navio caça furtiva mais procurado na Antártida, um navio procurado pela Interpol, e actualmente está localizado ao sudeste de Maputo, procurando um porto para descarregar a captura ilegal”, disse Peter Hammarstedt, capitão do navio da Sea Shepherd, de uma Organização Não Governamental de caça anti-furtiva global.

A Diretora Nacional de fiscalização marítima, Ascensão Pinto, disse ao @Verdade e ao Centro de Jornalismo Ambiental Oxpeckers, esta semana, que todos os principais portos do país estavam em alerta máximo depois de denúncias de que o notório navio denominado F/V Thunder, foi visto a pescar ilegalmente no mar da Antártida, e estava a rumar para as águas moçambicanas.

As agências de protecção de espécies marítimas e a Organização Internacional de Polícia Criminal (Interpol) emitiram alertas internacionais sobre o navio pirata em causa, o qual leva merluza negra capturado ilegalmente e outras espécies, avaliadas em dezenas de milhões de dólares.

Merluza é nome popular de um peixe de escamas da família Merlucciidae com tamanho médio de 50 centímetro, pesando 1,5 quilo, e máximo de 90 centímetros, pesando cerca de quatro quilos.

A Sea Shepherd, uma Organização Não Governamental de caça anti-furtiva global, apreendeu duas redes que foram abandonadas pela tripulação do navio em alusão perto da Austrália, em Dezembro. A organização, desde então, lançou uma perseguição ao navio pelos três oceanos, e estabeleceu um recorde mundial esta semana para a maior perseguição mar de um navio de caça furtiva.

“Thunder é o navio caça furtiva mais procurado na Antártida, um navio procurado pela Interpol, e actualmente está localizado ao sudeste de Maputo, procurando um porto para descarregar a captura ilegal. Temos a intenção de acompanhá-los em qualquer porto que escolher no próximo”, disse Peter Hammarstedt, capitão do navio da Sea Shepherd.

Uma das redes confiscados continha cerca de 250 pescados de merluza negra, conhecida como “ouro branco” por causa dos preços elevados nos mercados ilegais, desde o colapso da pesca do bacalhau, na década de 1990. Os conteúdos da outra rede apreendida, de pescados que são proibidos na Antártida, ainda estão a ser examinados.

Em 2013, a Interpol emitiu um “aviso roxo”, pedindo aos países membros para ajudar a identificar a localização do navio, que se acreditava estar a operar ilegalmente no Oceano Atlântico, tendo como alvo o “toothfish”, também conhecido como “robalo chileno”, uma espécie que é protegida pelas autoridades e ambientalistas.

“É possível que os proprietários de F/Thunder tenham lucrado mais de 60 milhões de dólares nas suas actividades de pesca ilegal, uma vez que estava na lista negra da Comissão para a Conservação dos Recursos Vivos Marinhos Antárticos, em Fevereiro de 2006”, disse a Interpol.

A comissão proibiu o uso de “Wall of Death”, redes de pesca utilizadas por Thunder na Antártida no acto da sua matança indiscriminada. “O grande número de animais mortos que temos encontrado na rede de pesca do navio Thunder é uma prova da destruição generalizada que o navio tem feito numa década no Oceano Atlântico” disse Sid Chakavarty, representante da ONG Sea Shepherd, a jornalistas australianos logo após as redes terem sido confiscadas.

Cerca de 11.000 toneladas de pescado ilegal foram apreendidas na Malásia no ano passado, mas acabaram por ser liberadas depois de pagarem uma multa de cerca de 60 mil dólares. O navio está a navegar sob uma bandeira nigeriana e é propriedade de uma empresa de fachada registada na Nigéria, para proteger os verdadeiros proprietários, disse Hammarstedt.

Hammarstedt disse que “Tecnicamente”, a lei nigeriana é leve, “mas deve cumprir outras leis nacionais e internacionais, dependendo de onde eles operam. O navio foi visto a pescar numa área de gestão na Antártida, onde a pesca não é permitida”.

De acordo com a Interpol, durante os últimos dois anos, o navio tem operado sob pelo menos três nomes diferentes e sob diversas bandeiras, a fim de evitar a detecção das actividades de pesca ilegais.

Ascensão Pinto disse que tinha sido alertado sobre a presença do navio em alusão ao largo da costa de Moçambique pela Fish África, uma rede de sete países que compartilham informações para combater a pesca ilegal na região ocidental do Oceano Índico. Os países membros são Tanzânia, Moçambique, Madagáscar, Seychelles, Quênia, Ilhas Maurício e Comores.

Em 2012, Moçambique, África do Sul e os governos da Tanzânia tinha estabelecido uma plataforma para coordenar os seus esforços para lutar contra a pirataria e outras atividades ilícitas em alto-mar, disse Ascensão Pinto.

“Enviamos alertas aos nossos principais portos em Maputo, Beira, Nacala, Quelimane e Pemba a reforçar os seus sistemas de defesa e para deter esse navio se aproxima da nossas águas”, disse ela. “Estamos conscientes de que o navio está a usar a bandeira nigeriana e foi envolvido na pesca ilegal.”

Esta semana o navio foi visto a cerca de 1.200 milhas náuticas da costa e estava a navegar a cerca de dois nós, o mais provável para economizar combustível, disse Hammarstedt.

 

Por Luís Nhachote e Fiona Macleod*

*Fiona Macleod é directora do Centro Oxpeckers de Jornalismo Investigativo Ambiental

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