A cidade portuária de Nacala corre o risco de ficar privada, a qualquer momento, do transporte semi-colectivo urbano e interdistrital de passageiros, na sequência da ameaça da paralisação por parte dos operadores daquele sector social vital para a economia local que exige igualdade de tratamento e de oportunidade no exercício da actividade.
Os transportadores vão mais longe e dizem que se a edilidade local se mostrar insensível às suas preocupações, a sua greve vai afectar o transporte rodoviário de carga que são escoadas de e para Nacala-Porto, a partir de diferentes pontos de Nampula e da região norte, incluindo o vizinho Malawi.
Na nossa recente estadia em Nacala- Porto, fomos abordados por vários transportadores membros daquela agremiação, cuja tónica das inquietações apresentadas incidiu sobre a alegada violação de um acordo que versava aspectos organizacionais relacionados com licenciamento e partida das carrinhas de transporte semicolectivo urbano e inter-distrital de passageiros a partir do terminal rodoviário da cidade.
Ossumane Gulamo, transportador que opera no semi-colectivo de passageiros, denunciou a existência de muitos ilegais naquele ramo de actividade por falta de licença, aludindo que o facto é do conhecimento das estruturas camarárias locais mas que nada fazem para punir os infractores e explica as razoes.
Quase todos os vereadores do Concelho Municipal têm viaturas e isso não é proibido, só que as viaturas não estão licenciadas para o exercício da actividade de transporte semi-colecto urbano de passageirosdisse, lançando um alerta de que os motoristas ao serviço dos autarcas da cidade de Nacala-Porto não possuem sequer cartas de condução.
As lamentações daqueles transportadores não param por aí, pois, segundo eles, a organização criada ao nível do terminal rodoviário de passageiros e de carga é sistematicamente violada pelos motoristas ao serviço dos vereadores da edilidade de Nacala-Porto que exploram o serviço inter-distrital.
A partida dos autocarros deste terminal rodoviário obedece a ordem de chega das mesmas e isso tem sido respeitado por todos membros da Associação dos Transportadores, excepto por aqueles que conduzem autocarros pertencentes aos vereadores da edilidade ou pessoas da sua confiança politica e de negócios que continuam a recolher passageiros fora do terminal, o que viola de forma grosseira aquilo que a edilidade ordenou que fosse cumprido sem excepção- disse Gilberto Amurane, salientando que os violadores das regras furtam-se, deste modo, ao pagamento das taxas diárias cobradas pela fiscalização do terminal.
A nossa reportagem soube que o inspector da Polícia da República de Moçambique destacado para exercer as funções de comandante da polícia camarária em Nacala-Porto, Alberto Chicra, teria sido advertido num encontro entre a vereação dos transportes e os operadores rodoviários daquela cidade que a sua coragem de não permitir que viaturas apreendidas por não possuir licença de transporte de passageiros teria efeitos negativos na sua profissão.
Instado pela nossa reportagem a comentar sobre o assunto, Alberto Chicra disse precisar de autorização para falar à imprensa porque as coisas estão a aquecer de tal modo que tudo pode virar contra mim a qualquer momento muito embora esteja a actuar dentro do limite das competências que me foram atribuídas.
O presidente da edilidade de Nacala- Porto, Chale Ossufo, disse, por seu turno, que o seu órgão solicitou à Assembleia Municipal a convocação de uma sessão para debater a inquietação dos transportadores. O edil promete ser implacável contra os prevaricadores caso as queixas apresentadas evidenciam inobservância das leis.
