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Nacala-porto debate-se com escassez de pessoal qualificado

A cidade portuária de Nacala, norte de Moçambique, debate-se com uma grave falta de pessoal especializado para responder à demanda imposta pelos projectos de desenvolvimento em curso na região, entre os quais a construção de um terminal de carvão.

 

 

“O desenvolvimento económico da cidade de Nacala Porto não está a ser devidamente acompanhado pela capacitação do capital humano, para poder dar resposta às exigências de uma Zona Económica Especial”, disse à Agência de Informação de Moçambique em Maputo, o Presidente do Conselho Municipal daquela cidade, Chale Ossufo. O edil de Nacala Porto falava à margem do “Fórum Consultivo de Políticas Públicas”, promovido pela “Aliança de Cidades”, que tem estado activa em Moçambique desde 2002, apoiando diversos projectos de desenvolvimento municipal.

Segundo o edil de Nacala, neste momento já se encontram naquela cidade “os primeiros homens que vão instalar o grande terminal de carvão em Nacala Porto. Eles precisam, de imediato, mais de 400 pessoas com especialidade para trabalhar nesse projecto, e nós em Nacala não temos esse pessoal”. “Precisamos, urgentemente, de capacitar o nosso capital humano, para que possamos satisfazer a demanda, porque de contrário, vamos ter que importar pessoas de fora quando temos em Nacala muitas pessoas que não trabalham”, realçou Chale Ossufo.

Referiu ainda que numa população de 208 mil habitantes, apenas cerca de 47 por cento deste universo é que têm um emprego formal, enquanto que a maioria dos residentes dedica-se à pesca para a sobrevivência. Ossufo explicou que no contexto do referido terminal de carvão, técnicos da multinacional brasileira “Vale Moçambique” já estão a montar escritórios na cidade de Nacala Porto, realçando que o passo a seguir “será a construção da própria infra-estrutura com o envolvimento de um elevado número de pessoas”.

Para este responsável, “o futuro terminal de Nacala vai ser estratégico para a exportação do carvão da Vale, porque a Beira é apenas uma alternativa para os brasileiros. Neste momento estão a tirar cerca de 35 mil toneladas e não é isso que eles querem”.

A mina da Vale, um investimento de 1,6 bilião de dólares norte-americanos, terá capacidade nominal de produção de 11 milhões de toneladas de carvão metalúrgico e térmico, segundo dados da companhia, cuja mina se localiza em Moatize, na província de Tete. “Os brasileiros querem um porto com capacidade para embarcar 260 mil toneladas de uma só vez e o porto da Beira não está a resolver minimamente os problemas da Vale, razão pela qual a companhia quer trazer o carvão para Nacala, aproveitando a capacidade de um porto natural de águas profundas, portanto, com condições para receber navios de grande calado”, disse.

Actualmente, a Vale, na sua qualidade de accionista da Sociedade do Corredor do Norte, detentora do sistema ferro-portuário de Nacala, está a fazer diligências que poderão conduzir à construção de um ramal ligando Moatize à linha-férrea que dá acesso ao porto de Nacala. Chale Ossufo afirmou que a cidade de Nacala-Porto tem de estar capacitada para fazer face aos desafios que o processo de desenvolvimento está a colocar, sobretudo aos seus residentes, “transformando esses desafios em oportunidades para podermos crescer”.

“Eu devo dizer que neste momento, um dos principais constrangimentos ao desenvolvimento de Nacala Porto é o fraco desenvolvimento do seu capital humano e, urgentemente, nós temos que resolver esta situação”, frisou ainda o edil.

Num outro desenvolvimento, foi anunciado durante o Fórum Consultivo de Políticas Públicas que a Aliança de Cidades concedeu a Moçambique um donativo de 1,6 milhões de dólares. Este donativo cobre um vasto leque de questões, incluindo a Vulnerabilidade Urbana e a urbanização de assentamentos informais; Estratégias de Desenvolvimento da Cidade e relatórios sobre o Estado das Cidades. Cobrem ainda uma vasta área geográfica que vai desde Maputo até às cidades de Chimoio, Tete e Quelimane, no centro de Moçambique, Chókwè e Vilankulo, no sul e Nampula, norte. Essas doações foram executadas pela UN-HABITAT, Banco Mundial, Associação Nacional de Municípios de Moçambique e pelos próprios municípios.

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