As autoridades Administrativas da Localidade de Mucheve, Posto Administrativo de Muxungue, Distrito de Chibabava, na Província de Sofala, estão preocupadas com a ocorrência frequente de casos de morte por enforcamento na região.
Segundo o Chefe da localidade, Bento Venâncio Mucheve, so neste ano a região de Mucheve registou pelo menos quatro casos de mortes por enforcamento, os quais tiveram a superstição como causa principal. Mucheve disse-nos que todos os quatro casos as vitimas terão tomado a decisão de se enforcar depois de terem sido acusados publicamente de feiticeiros.
O Chefe da Localidade de Mucheve culpa, em parte, as autoridades tradicionais locais por incitarem os residentes a recorrer aos curandeiros sempre que há problemas em casa ou na família. “Os curandeiros aqui em Mucheve tem nos criado muitos problemas na comunidade, pois algumas vezes chegam a acusar feiticeiro indivíduos que nem sequer são” – afirmou o nosso entrevistado. O mais recente caso de enforcamento refere-se um cidadão que em vida respondia pelo nome de Simon Mafastela, que preferiu por termo a própria vida depois de não ter conseguido se conter face a humilhação que vinha passando a seguir a sua apresentação pública como feiticeiro.
O suicida teria sido acusado pela vizinhança de ter dado amuleto a uma mulher para ter poderes para roubar de forma mágica culturas alimentares na machamba duma vizinha. A fon- te acusou o Regulo Chicaravito Mujowi de ter sido quem espalhou essa confusão toda, quando tentava lidar com o caso. Consta que antes do sucedido, a referida mulher beneficiária da virtu-de teria sido surpreendida a colocar amuleto na machamba da vizinha. Depois de investigada, a mesma mulher teria denunciado o suicida como tendo sido quem preparou o amuleto.
O suicida, por sua vez, depois de confessar ter sido ele quem preparou a droga foi condenado a devolver o valor de mil e quinhentos meticais que havia cobrado a mulher pela prestação dos serviço. No entanto, o Chefe da Localidade de Mucheve lamenta a decisão de enforcamento, uma vez que não teria sequer sido aberto um processo criminal contra a sua pessoa.
Todavia, indicou que naquela localidade, particularmente, os residentes quando são acusados de envolvimento práticas de feitiçaria tem tomado a decisão de colocar termo a sua vida alegadamente por temerem represálias e também passar isolamento o resto da vida. Nos finais do ano passado, um cidadão identificado por Meque foi brutalmente espancado e posteriormente esquartejado por populares, numa acção que teve como mentor o antigo Chefe da Localidade de Chinhica, Titos Jojo Ndaramo, o qual encontra-se ainda a contas com a Justiça.
A vítima que acabava de regressar do trabalho nas minas da África do Sul teria sido acusada de envolvimento com uma mulher com que o homicida mantinha re- lações amorosas. As autoridades policiais em Sofala consideram a superstição como sendo uma das principais causas que tem contribuído para ocorrência de vários casos de homicídio voluntário na província, seguido de problemas pássionais e consumo desenquadrado de álcool.