Moçambique pretende manter a ajuda do FMI para além de 2013, afirmou o ministro moçambicano das Finanças, reconhecendo que o país está a ter dificuldades no financiamento de projectos de infra-estruturas devido à retracção de parceiros internacionais.
O ministro Manuel Chang falou nestes termos à Lusa à margem das reuniões de Primavera do Fundo Monetário Internacional e Banco Mundial, em Washington, onde, num painel sobre os países em desenvolvimento, alertou para o impacto nestas economias da crise financeira internacional, em particular na zona euro.
Os parceiros e doadores internacionais “estão a retrair-se porque também têm situações difíceis nos seus países”, disse. Segundo Chang, Portugal, por exemplo, apesar das suas dificuldades financeiras, continua a financiar o Orçamento do Estado moçambicano nos mesmos níveis.
“Outros países primeiro reduziram os financiamentos, depois introduziram algumas cláusulas quanto à utilização e desembolso desses fundos, outros saíram”, adiantou o ministro moçambicano.
Chang sublinha que Moçambique e outros países africanos têm “grande necessidade de financiamento para infra-estruturas” como estradas, pontes, barragens, abastecimento de água, electrificação do país ou comunicações.
Em alguns grandes projectos o financiamento privado pode ajudar a completar estas necessidades, mas noutras obras a responsabilidade directa é do Estado que tem “alguma dificuldade de financiamento neste momento”.
Moçambique procura principalmente financiamento das concessões, junto de instituições financeiras internacionais, como Banco Mundial, Banco Africano de Desenvolvimento e Banco Islâmico.
De Washington, Chang regressa com a convicção de aprovação do programa de ajuda do FMI a Moçambique (2010-2013), cuja quarta revisão terá lugar em Junho.
Este segundo programa, de três anos, está no seu segundo ano e Chang adiantou que está já a começar a ser pensado o terceiro programa do FMI.
Paralelamente, Chang apelou em Washington à maior concertação internacional para que seja “minimizada a situação de crise” financeira, em particular na zona euro, que está a ter “impacto de maneira directa ou indirecta” em países como Moçambique.
O impacto sente-se a nível da economia real, nomeadamente nas exportações, com dificuldade no acesso a mercados, ou redução de preços, além da redução de financiamento e de remessas dos emigrantes.