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Moçambique com níveis inaceitaveis de desnutrição

O Secretariado Técnico de Segurança Alimentar e Nutricional (SETSAN), considera que Moçambique tem níveis inaceitavelmente altos de desnutrição crónica, o que tem impacto no crescimento harmonioso do país.

Falando, Quinta-feira (28), em Maputo, na abertura do seminário sobre a estratégia de batata-doce de polpa alaranjada (BDPA), Marcela Libombo, do SETSAN, disse que do actual índice de 54,7 de incidência da pobreza em Moçambique, cerca de 80 por cento está relacionado com problemas de alimentação e nutrição.

“Urge encontrarmos soluções oolíticas para melhorar o acesso aos alimentos, a educação nutricional, a higiene pessoal e o saneamento do meio de modo a melhorarmos a situação”, disse Libombo.

O seminário é organizado pela organização Helen Telles International em parceria com o Governo, através do SETSAN, no âmbito do Projecto Alcançando Agentes de Mudança (RAC).

O Inquérito Demográfico e de Saúde (IDS) 2011 indica que a taxa de desnutrição crónica em Moçambique situa-se nos 43 por cento e que a deficiência em micro nutrientes, tais como a Vitamina A, afecta cerca de 66 por cento das crianças em idade pré-escolar e é uma das causas da mortalidade infantil.

Por outro lado, dados do SETSAN de 2006 indicam que a insegurança alimentar afecta 36 por cento da população moçambicana.

“Estes dados são demasiadamente altos e reflectem a manifestação humana mais cruel da pobreza”, disse Libombo.

Na sua intervenção, Libombo defendeu a disseminação da batata-doce de polpa alaranjada (BDPA), como parte da estratégia de bio fortificação, uma abordagem baseada em alimentos que podem ser produzidos pelas populações e que oferece uma alternativa sustentável, de baixo custo e de rápida disseminação.

Segundo a fonte, o consumo da BDPA é muito importante para a redução da deficiência em Vitamina A.

Esta cultura foi introduzida com maior vigor no país depois das cheias de 2000. Desde essa altura, o Instituto de Investigação Agrária (IIAM) já distribuiu mais de 300 mil ramas de BDPA e, até ao ano passado, esta instituição libertou um total de 18 variedades desta cultura.

Contudo, o desafio agora é marchar para frente, não apenas em Moçambique, mas também na Tanzânia e na Nigéria, onde o projecto RAC está presente com a missão de mobilizar novos investimentos dos governos, parceiros e organizações da sociedade civil para o aumento da produção e consumo da BDPA.

A organização deste seminário indica que Moçambique tem uma série de políticas cujo objectivo é melhorar a segurança alimentar e nutricional, mas nenhuma delas faz menção especifica a bio-fortificação como uma das estratégias viáveis, de baixo custo e de fácil disseminação para estancar esse problema.

Aliado a isso, a BDPA como cultura resultante do bio-fortificação não tem merecido a alocação adequada de recursos que permitam a sua rápida disseminação e adopção pelas comunidades. Em Moçambique, apenas cerca de 300 mil famílias cultivam a BDPA, com uma produção anual de cerca de 800 mil toneladas.

Falando aos jornalistas, Dérmico Matale, do RAC, disse que o seminário de hoje visa mobilizar investimentos na ordem de pelo menos seis milhões de dólares americanos para operacionalizar a estratégia de produção e disseminação da BDPA no país.

Por outro lado, Matale disse que se pretende apelar o Governo para elaborar políticas específicas favoráveis ao desenvolvimento da BDPA, dada a sua importância na deficiência em Vitamina A.

“Pretendemos alcançar um número adicional de 200 mil famílias produzindo a BDPA, no âmbito da estratégia que abrange o período 2011/2014, criando cerca de 600 mil famílias com benefícios indirectos”, disse ele.

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