Países africanos como Moçambique ainda não atingiram a meta dos 80 por cento do acesso universal ao tratamento da Sida. A constatação é de um relatório regional, divulgado recentemente pela organização humanitária Médicos Sem Fronteiras (MSF).
Apesar do tratamento antiretroviral (TARV) ter aumentado em todo mundo, o documento mostra que “ainda há um longo caminho a percorrer nesse sentido, porque cerca de dois milhões de pessoas necessitam da terapia.”
Em Maputo, por exemplo, a MSF conta que atende pacientes das áreas rurais que têm de fazer caras e demoradas viagens à capital moçambicana para conseguirem os preciosos medicamentos. Por causa disso e da redução do financiamento contra a pandemia, a organização prevê que muitos doentes terão de esperar mais tempo para iniciar o TARV, correndo o risco de morrer mesmo antes de tê–lo.
Além disso, a MSF projecta que o volume de pacientes nas unidades sanitárias irá aumentar e os trabalhadores de saúde serão desencorajados pelos maus resultados na saúde dos pacientes. Os pacientes poderão ainda compartilhar as suas pílulas, o que irá reduzir a sua dosagem e aumentar os riscos de transmissão do vírus e da resistência.
Para uma população de cerca de 22 milhões de habitantes, Moçambique tem 1.6 milhão de pessoas vivendo com HIV e Sida, das quais pouco mais de 130 mil beneficiam dos antiretrovirais e cerca de 500 mil precisam do tratamento. Refira-se que os indices de seroprevalência na Zambézia, situam-sem em 19%.