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Mia Couto defende educação ambiental para os decisores em Moçambique

O escritor e biólogo moçambicano, Mia Couto, denunciou, esta quarta-feira, durante uma palestra, que o “clima de impunidade” torna inútil a educação ambiental em Moçambique, defendendo que os primeiros a educar terão de ser aqueles que tomam decisões.

“Eu acho que a educação ambiental começa por uma educação interna, aprendermos a não termos medo de denunciarmos situações que são contra o nosso país”, disse o escritor, biólogo de formação e profissão.

Durante a palestra “Educação Ambiental”, no âmbito do programa “Dias da Educação e do Desenvolvimento”, promovido pelo Ministério da Educação moçambicano e pela embaixada portuguesa, Mia Couto elencou alguns aspectos que, na sua opinião, colocam em causa qualquer iniciativa de protecção ambiental, destacando a questão da impunidade.

“Porquê as pessoas na cidade não param no semáforo quando está vermelho? É por falta de educação? O que acontece é que há um clima de impunidade que promove esta condição”, denunciou.

Para Mia Couto, a educação ambiental deve ter como destinatários, não só as comunidades locais, mediaticamente envolvidas em questões de conflitos ambientais, mas também os decisores políticos.

“Quem tem de ser educado não são só as comunidades locais. Isso é uma fantasia, uma ilusão. É fazer gastar programas para fazer entrar dinheiro e justificar alguma coisa. Os primeiros a serem educados são quem toma decisões”, disse.

Participante na palestra, Carlos Lopes Pereira, do Parque Nacional da Gorongosa, apresentou algumas evidências que foram ao encontro do pensamento de Mia Couto.

Assim, referiu o facto de que “quando alguns caçadores furtivos são apanhados” e posteriormente presentes a juiz, “são libertados, porque não dispõem de meio de pagamento das coimas previstas”.

Nesse sentido, o Parque Nacional da Gorongosa lançou um programa para reeducação destas pessoas que funcionava em regime de trabalho comunitário no parque, mas que não trouxe grandes alterações de comportamento.

“O programa funcionou durante cinco anos, tendo sido gasta uma média de 50 mil dólares por ano. Infelizmente, os resultados não compensaram os esforços”, lamentou Carlos Lopes Pereira.

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