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Mamparra of the week: Meninas e Meninos, Senhoras Senhores, Avós e Avôs

Mamparra of the week: Meninas e Meninos

O Mamparra desta semana é a Polícia da República de Moçambique (PRM), revestida na pele do seu Comandante-Geral, o senhor Jorge Khálau.

Nove anos depois do assassinato de Virgílio Amade, no mesmo jardim (28 de Março), a base central dos ex-regressados da defunta Alemanha do Leste, vulgo “madgermanes”, a PRM voltou a disparar as suas balas assassinas, à luz do dia, em plena cidade alta, matando, sem dó nem piedade, Carlos Chivambo.

Foi-se mais uma vida, um pai de família indefeso, sem tempo sequer para esboçar um gesto de dor.

Estes dois assassinatos, em espaços de tempo diferentes, foram uma flagrante violação ao preconizado na Constituição da República, no seu capítulo IV, que aborda a questão da Garantia dos Direitos e Liberdades. Assim diz o artigo 96: “O Estado é responsável pelos danos causados por actos ilegais dos seus agentes, no exercício das suas funções…”.

Os “madgermanes”, desde o dealbar da década de 90, têm estado a reivindicar, com alto sentido de cidadania, os seus direitos.

Os “madgermanes” foram, entre 1979 e 1989, para aquele país, mesmo depois de Bob Dylan ter cantado nos finais da década setenta que “Th e times are changing” (Os tempos estão a mudar). Era o prenúncio do fim da guerra fria.

Inevitavelmente, “os madgermanes” regressaram ao solo pátrio após a queda do muro de Berlim. Os tempos tinham mudado. Bob Dylan tinha avisado.

Durante 10 anos, pela voz de Pascoal Mocumbi, ouvimos este a plenos pulmões afirmar que o Governo (em mamparrice colectiva) não lhes devia nada, chegando ao ponto de os chamar de “dementes”. Um dia, contra todas as previsões, caiu o caju maduro: o Governo reconhecia que lhes devia dinheiro.

Nesses árduos anos, temos estado a vê-los a marcharem pelas suas reivindicações. Vemo-los também a serem reprimidos pelas forças de repressão de que o Estado dispõe. Basta desta e outras mamparrices que a PRM e o seu Comandante-Geral têm estado a protagonizar.

Dele (Khálau) são as palavras que se seguem, ipsis verbis, recentemente pronunciadas: “Nós conhecemos as leis. Nós não obedecemos a nenhum juiz. Nós tomamos as nossas medidas internas. Agora dizem que (o Regulamento Interno da Polícia) está ultrapassado! Muito obrigado! O Código Penal de que ano é? 1886. Só o regulamento da polícia é que está ultrapassado? Houve violação de normas internas (…).”.

Assim, glorificámos a polícia repressiva do Estado. Ou seja, mais uma vez: venceu a nossa sem-vergonhice e morreu quem clama justiça na terra das hienas.

Mamparras, mamparras, mamparras…

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