A problemática de falta de infra-estruturas desportivas, material, financiamento, entre outros factores, continua a minar o desenvolvimento do desporto a nível da província de Nampula. Essa situação associa-se ao mau relacionamento institucional, opondo os desportistas, na sua maioria representadas pelas associações, à Direcção Provincial da Juventude e Desportos em Nampula, na pessoa da respectiva representante, Ângela Reane.
De acordo com alguns desportistas, algumas modalidades tiveram o seu melhor momento, no que diz respeito à competitividade, à organização e à massificação, até ao ano de 2000, altura em que a Direcção Provincial da Juventude e Desportos de Nampula (DPJD) era dirigida por Rodrigues Machoco.
Porém, de lá para cá, as coisas mudaram e algumas modalidades tendem a desaparecer, em consequência da falta de apadrinhamento pelo sector de tutela. O “amor à camisola” por parte dos praticantes, por exemplo, de xadrez, voleibol, atletismo e ciclismo faz com que as modalidades continuem a sobreviver, apesar da inexistência de apoio da Direcção Provincial da Juventude e Desportos de Nampula.
“O futebol não tem qualidade”
Para Abdul Hanane, presidente e treinador do Benfica de Nampula, o desporto, sobretudo o futebol na província de Nampula, está a enfrentar muitos problemas que, consequentemente, contribuem para a sua baixa qualidade. A título de exemplo, Hanane apontou o Campeonato Provincial de Futebol, vulgo Nampulense, na qual a sua equipa está a participar, como sendo uma das provas que se encontram mergulhadas neste cenário.
“Os jogadores passam mais tempo a treinar, queremos que o nosso futebol evolua, mas, neste momento, não tem qualidade porque a associação marca jogos quando acha que deve e nós somos os mais prejudicados. Pagamos os salários mensalmente aos atletas, mas estes só fazem um jogo por mês”, disse.
Num outro desenvolvimento, o líder dos encarnados de Nampula falou da ausência de apoio como um dos problemas que faz com que o futebol e o desporto em geral não se desenvolvam, tendo apontado a falta de transparência na gestão dos valores disponibilizados pelo Fundo de Promoção Desportiva aos clubes e às associações que movimentam algumas modalidades desportivas.
“O Benfica de Nampula recebeu em 2000 cerca de 300 mil meticais. De lá para cá, nada aconteceu, mesmo apresentando as necessidades, como é o caso do actual projecto de construção de um novo campo que, igualmente, vai beneficiar outros clubes e modalidades”, afirmou Hanane.
“Karate, o enteado do Governo”
O karate é outra modalidade que se sente marginalizada pelas autoridades locais, sobretudo a instituição que tutela o desporto em Nampula. A Associação Provincial de Karate, oficializada em 2006, diz que, mesmo sem apoio, continua a seguir em frente. Arlindo Mema, presidente da agremiação, afirma que a falta de apoio moral, material e financeiro constitui um dos grandes constrangimentos para a evolução do karante em Nampula.
“Jogos tradicionais estão a evoluir”
Carlos Muapanco, presidente da Associação Provincial de Jogos Tradicionais, em fase de oficialização, confessa que mesmo sem o apadrinhamento das autoridades desportivas de Nampula os jogos tradicionais têm vindo a registar uma evolução significativa, mercê do empenho dos seus praticantes. Muapanco acrescentou que o mau relacionamento entre os desportistas e a instituição que tutela o desporto em Nampula contribui para o fracasso das modalidades desportivas a nível da província.
Refira-se que a Associação Provincial dos Jogos Tradicionais em Nampula, criada em 2010, já participou no II Festival Nacional da modalidade no ano passado na província do Niassa, tendo conquistado o primeiro lugar. “Com a entrada da senhora Ângela Reane, para a liderança da DPJD, em substituição de Rodrigues Machoco, tudo ficou parado. Atenuou significativamente a relação entre as agremiações desportivas e o Governo”, disse.
O @Verdade tentou contactar a directora Provincial da Juventude e Desportos de Nampula, Reane, mas sem sucesso. Na última sexta-feira (09), dirigimo-nos à instituição, porém, não foi possível ouvir a responsável alegadamente por ela estar a participar na reunião de quadros do seu partido na capital do país, Maputo. O mesmo exercício foi repetido na segunda-feira (12) e terça-feira (13), mas debalde.
