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Maputo: praça dos combatentes recupera sua posição

A Praça dos Combatentes Moçambicanos, arredores de Maputo, recuperou o seu lugar que tinha sido “assaltado” por milhares de vendedores informais, volvidos já mais de 10 anos após o seu desaparecimento.

A Praça confunde-se com a zona chamada “Xikheleni”, local que além do próprio monumento dos Combatentes, também integra um enorme mercado onde se pratica quase todo o tipo de negócio, terminais de transportes de passageiros, estabelecimentos bancários, armazéns, entre outros empreendimentos comerciais.

Até antes do início das obras de reabilitação do local, “Xikheleni” estava numa situação de desordem total. Por exemplo, o monumento dos Combatentes era ocupado por vendedores informais de combustível e, as vezes, utilizado como urinol. As estradas e os passeios para peões eram ocupados por vendedores de vários tipos de bens.

Maio passado, o Município de Maputo iniciou as obras de remodelação daquele recinto, num investimento de quatro milhões de dólares. As obras, que estavam na responsabilidade da empresa de construção CMC, consistiam na reabilitação de estradas e dos passeios bem como a construção de valas de drenagens, duas rotundas e uma terminal de transportes de passageiros.

“Em Novembro do ano passado vim cá por duas vezes e coincidiu ou num dia de chuva ou depois da chuva. Vi a grande miséria em que as pessoas se encontravam aqui”, disse o edil de Maputo, David Simango, falando hoje, durante a cerimónia de inauguração de “Xhikheleni”, após beneficiar de obras de reabilitação. “As pessoas vendiam com os pés dentro da lama ou água suja com restos de tomate e eu disse que tinha de fazer alguma coisa para resolver essa situação”, disse Simango, falando a multidão que assistiu a esta cerimónia realizada no local onde agora vai funcionar a nova terminal rodoviária de transportes urbanos e interurbanos.

O edil de Maputo descreveu a nova terminal de passageiros como sendo a maior de todo o país e que é erguido num bairro suburbano. Ainda no “Xikheleni”, Simango prometeu construir um monumento na Praça dos Combatentes com magnitude jamais vista em todo o país e a ser inaugurado em Setembro próximo. Mas a terminal ainda não foi electrificada e falta também a construção de sanitários públicos no local. Estas infraestruturas poderão ser construídas logo em Janeiro próximo.

Contudo, a terminal já está operacional. Outras obras importantes para esse empreendimento são a estrada de ligação de “Xikheleni” com a da Dona Alice, a reconstrução do troço da avenida Julius Nyerere cortado pelas cheias do ano 2000, e a ampliação da mesma avenida no troço a Norte de “Xikheleni”. Mas para onde irão os “combatentes”?

Para qualquer pessoa que conhece “Xikheleni”, é legitimo questionar se a decência que caracterizou este local nos últimos dias irá prevalecer ou não. Diversas pessoas temem que os vendedores informais que diariamente ganham a sua sobrevivência naquele lugar voltem a ocupar as estradas, passeios e, até mesmo as rotundas agora relvadas, para desenvolver as suas actividades. Aliás, a demora que se registou nas obras, de quatro para seis meses, deveuse, em parte, pela presença massiva de comerciantes informais cuja actividade perturbava o decurso normal destas.

Semana passada, o Município teve de recorrer a sua força policial e a Polícia da República (PRM), munida de armas de fogo e cães treinados para escorraçar os vendedores cuja presença tornava praticamente impossível a pintura de sinais de trânsito na estrada. Para muitos, “Xikheleni” só pode ficar sem vendedores informais ocupando os passeios e as estradas caso as forças policiais se mantiverem no local.

Na sua intervenção, o Presidente do Município de Maputo deixou claro que a edilidade não vai tolerar a existência de pessoas praticando o seu negócio em locais impróprios. “Nós vamos ser muito duros”, disse Simango, momentos depois de dizer que “aqui no “Xikheleni” vos permitimos vender, tanto os formais como os informais, mas não na estrada, não nos passeios. Nós vamos cuidar das pessoas que ocuparem esses lugares”.

O edil disse que o Município está a trabalhar no sentido de expandir o mercado de “Xikheleni” para que as pessoas vendam em locais apropriados. Para isso, a edilidade vai negociar com os residentes nas proximidades do mercado de modo a serem reassentados noutros lugares da cidade. Contudo, o edil não disse para onde irão os “combatentes” da sobrevivência enquanto não se expande o mercado.

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