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Maputenses e matolenses gastam tanto combustível como para Xai-Xai ou mesmo Inhambane

Nos últimos dois a quatro anos, o congestionamento rodoviário nas artérias da cidade de Maputo e outras que servem de entrada e saída da capital moçambicana, tornou-se verdadeiramente insuportável para os automobilistas, fazendo com que esteja no mesmo patamar com urbes que igualmente têm um super-tráfico como a cidade de Nova Iorque nos EUA.

Para quem observe este novo fenómeno com ligeireza, pode não avaliar correctamente o seu impacto nos bolsos dos automobilistas.

O problema surge devido as longas e desgastantes horas que o automobilista fica retido no mesmo sítio, que se traduzem num consumo de combustível para viajar nos dois sentidos entre Matola e Maputo quase igual o que seria necessário para uma viagem para Xai-Xai ou mesmo Inhambane.

Isto porque há muita gente que sai de casa na Matola para a cidade de Maputo às 6 horas da manhã, ou mesmo um pouco mais cedo, para só chegar aos seus postos de trabalho ou à escola cerca das 08:00 horas, ou seja, duas horas depois de uma viagem paralisante e desgastante tanto para quem conduz, como para o próprio carro, e que, em termos de tempo e combustível queimados, teriam sido mais do que suficientes para chegar a Xai-Xai.

Chegaria sim a Xai-Xai, porque dados que colhi junto de engenheiros mecânicos reputados, deixam claro que uma viatura em andamento ou mesmo parada no mesmo sítio, mas que esteja com motor ligado e a ser sujeito a uma aceleração e desaceleração constantes, como é comum aqui na cidade capital e arredores, consomem a mesma quantidade de combustível.

Aliás, dizem os engenheiros que quando está quase imobilizado no mesmo ponto, não só gasta combustível como causa um grande desgaste das suas componentes mecânicas, como o disco, a prensa e mesmo as bombas principal e auxiliar, isto no caso dos manuais, se bem que os automáticos também não estão nada imunes.

Cálculos feitos por entendidos no consumo dos combustíveis indicam que as viaturas gastam, em movimento ou parados mas com motor a trabalhar, entre 8 a 13 litros de combustível em cada 100 quilómetros ou por hora para os que roncam apenas no mesmo sítio, dependendo da cilindrada de cada um.

Por exemplo, um turismo normal consome cerca de 10 litros para percorrer uma distância equivalente a 100 quilómetros, enquanto que para um veículo 4X4, gasta nada mais nada menos que 13 litros para fazer a mesma distância.

O que é grave ainda é que como já dissemos, mesmo quem esteja retido num congestionamento por uma hora de tempo, gasta o mesmo combustível, para além do referido desgaste de outros componentes por estar a acelerar e desacelerar sempre num jogo de arranca-pára-arranca-pára que acaba queimando o disco de embraiagem e demais componentes.

Este é portanto um problema tão grave quanto mau para as nossas poupanças agora que o lema nacional é conter os gastos, mas que acaba sendo um conter de realizações, porque a mesma viagem que deveríamos fazer em 15 ou 20 minutos, como era normal antes ir ou voltar a/e ou da Matola a partir de Maputo, acabamos fazendo em uma ou duas horas, consoante a hora, porque somente depois das 20 ou 21 horas, é que já não há congestionamento, e aqui é onde quero me deter mais nesta minha reflexão.

Como sair deste círculo vicioso enquanto não construímos estradas aéreas a semelhança de outras urbes

Estes factos e outros que aqui não foram arrolados, mas que concorrem igualmente para furar os bolsos dos automobilistas, fazem e farão agora com que os aumentos dos preços dos combustíveis que de ora em diante se irão anunciar no país, sejam mais onerosos para os habitantes desta urbe e seus arredores, caso não se adoptem políticas e práticas que possam levar à redução drástica deste congestionamento infernal, como a construção de mais vias de acesso e saída, adopção de horários de trabalho sectoriais, uso massificado das tecnologias de informação e outras que iremos aflorar ao longo deste artigo.

Para que este artigo não seja tão longo e fastidioso, optarei por desenvolver um pouco mais uma e outra das soluções que aqui sugiro. Uma delas tem a ver com a adopção e horários específicos de trabalho, que permitam que haja pessoas que não tenham de estar na estrada em horas que não lhes traz nenhum benefício.

Este é o caso do sector comercial, que abre as suas lojas quase a mesma hora em que os milhares de funcionários públicos e outros trabalhadores estão a trabalhar.

Ora, se estão a trabalhar, quem irá fazer compras nessas lojas?! Isto faz com que haja muitos que fogem dos seus postos de trabalho para irem as compras, um mal que seria evitável se as lojas abrissem mais tarde e fechassem depois de anoitecer.

Este tipo de horários é comum nas grandes cidades como Nova Iorque, EUA, e Xangai, China. Este tipo de horários iria minimizar o congestionamento e oferecer uma oportunidade aos trabalhadores tempo para irem às lojas.

Outra solução que nos pode ajudar a descongestionar o tráfico seria o uso massificado das Tecnologias de Informação (TICs), computador-Internet, porque estas permitem que tenhamos escritórios móveis. Com o seu uso, podemos fazer a partir das nossas casas o mesmo trabalho que nos leva ao escritório, o que faria com que as duas horas que queimamos a ir ao serviço, mais as duas que despendemos de regresso, fossem aplicados no nosso trabalho.

Basta imaginar um funcionário que tem de elaborar um simples relatório – será que precisa mesmo deslocar-se até ao serviço, quando bem poderia fazer o mesmo no seu computador portátil e depois envia-lo ao escritório por via da Internet?.

Creio que adoptando este tipo de soluções ou alternativas, iríamos minimizar um pouco a pressão sobre as nossas estradas e ganharíamos mais tempo para fazermos mais do que fazemos agora.

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