Os estudantes do Instituto Agrário de Chimoio (IAC), na província central de Manica, paralisaram, Sexta-feira última, as aulas, protestando o novo currículo estabelecido pelo Ministério da Educação para aquele nível de ensino técnico em Moçambique. Os estudantes alegam que o referido currículo não permite que transitem para outra classe os alunos que tenham reprovado a uma ou duas disciplinas modulares.
“O currículo traz muitas desvantagens para o estudante. Ele pode reprovar a um módulo e estar sujeito a voltar no ano seguinte só para fazer esse módulo e depois ficar cerca de sete meses parado, à espera que inicie o novo ano lectivo”, disse, lamentando, o estudante Hélder Cassamo, em declarações ao jornal “Diário de Moçambique”.
Na Sexta-feira, os estudantes não se fizeram às salas de aula, permanecendo no recinto escolar, onde entoavam canções e tocavam batuques, em jeito de pressionar a direcção do IAC a dialogar.
Os estudantes, que também se queixam de dificuldades alimentares, acomodação e falta de agua no internato, afirmam que, enquanto as suas preocupações não forem satisfeitas a manifestação vai continuar.
Entretanto, o Chefe do Departamento de Apoio Pedagógico na Direcção Provincial de Educação e Cultura de Manica, Cardoso Bacar, diz que a manifestação ‘e ilegal porque, frisou, “os estudantes não observaram os aspectos legais para o efeito”.
Cardoso Bacar recomendou aos manifestantes para apresentarem um caderno reivindicativo à Educação, que por sua vez irá analisar as questões e apresentar uma resposta. Por seu turno, a Directora do IAC, Eugénia Cassamo, defende que, quanto às preocupações relativas à revisão curricular, tudo seja feito para salvaguardar o sucesso escolar do estudante, sem que se viole o regulamento.
“Se um estudante está no nível 3, que é o 1º ano, e não faz todos os módulos, não poderá passar para o nível seguinte que é 4. Mas se um estudante do nível 3 faz todas as cadeiras pode simplesmente receber um certificado deste nível, não é obrigado a ficar aqui até ao nível 5. É o que nós estamos a dizer aos estudantes”, explicou.
Falando momentos após um encontro entre representantes da Direcção Provincial da Educação e Cultura de Manica, do IAC, e dos estudantes, Eugénia Cassamo acrescentou que “vamos fazer tudo para não violarmos o regulamento”. Frisou que a revisão curricular não é da responsabilidade da instituição que dirige e não acontece num período de implementação de um ano.
Relativamente às outras queixas dos estudantes, a directora do IAC disse acreditar que se enfrentam dificuldades de alimentação, “porque nós não produzimos o suficiente para mantermos um stock alimentar para todo o ano; os apoios que recebemos dão apenas para comprar o básico”.
“A alimentação básica para o internato do IAC é feijão, peixe e verduras, com arroz e massa de farinha de milho. Não é verdade que se come feijão durante uma semana inteira, como pretendem dar a entender os estudantes”, explicou a fonte.
A mensalidade que vinha sendo paga pelos estudantes até há pouco tempo, segundo explicou, não era suficiente para cobrir as despesas, em termos de alimentação, razão pela qual foi reajustada de 350 para 500 meticais.