Mais de 90 pessoas, incluindo soldados das forças de paz da Organização das Nações Unidas (ONU), foram colocadas em quarentena na capital do Mali, esta quarta-feira (130, depois de uma enfermeira de 25 anos ter morrido em decorrência do Ébola depois de tratar um cidadão da Guiné Vonacri que sucumbiu a sintomas semelhantes aos da doença que não foram reconhecidos.
O homem, um imã muçulmano da cidade fronteiriça de Kouremale, jamais foi examinado por suspeita de Ebola. Numa série de rituais que podem ter exposto muitas pessoas ao vírus mortal, o seu cadáver altamente contagioso foi lavado numa mesquita de Bamako e levado de volta à Guiné Conacri para ser enterrado sem precauções contra o Ébola.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou haver atualmente quatro casos confirmados e prováveis de mortes por Ebola no Mali, acrescentando que uma das vítimas era uma amiga do imã que o visitou no hospital. A entidade não deu detalhes de imediato sobre o quarto caso.
Um médico da Clínica Pasteur, onde a enfermeira trabalhava – um dos principais centros médicos de Bamako e a clínica de referência dos expatriados – também é suspeito de ter contraído o vírus e está a ser monitorado.
Cerca de 20 soldados das forças de paz da ONU que estavam na clínica com ferimentos sofridos enquanto serviam no turbulento norte do Mali foram postos em quarentena por precaução, informou a missão da ONU, sem especificar suas nacionalidades.
O Mali, a sexta nação do oeste africano a registar casos do Ébola no pior surto da doença em toda a história, precisa agora de rastrear uma nova leva de contactos, uma vez que um grupo inicial de pessoas ligadas ao primeiro e único outro caso do país – uma menina de dois anos que morreu no mês passado – completou na terça-feira a sua quarentena de 21 dias, tempo máximo de incubação do vírus.
Existe uma preocupação crescente a respeito do tempo transcorrido entre a morte do imã e a adoção das medidas necessárias para conter a doença. O doutor Samba Sow, que lidera o esforço de reação ao Ebola no Mali, disse que o religioso faleceu em 27 de outubro, dois dias depois de ir à clínica.
“Este caso mostra a falta de treinamento dos médicos em Bamako. Este treinamento deveria ter sido feito seis meses atrás”, disse um assistente humanitário à Reuters, pedindo para não ser identificado.
O Mali compartilha uma fronteira de 800 quilómetros com a Guiné, que, assim como a Libéria e a Serra Leoa, foi um dos países mais afectados pela epidemia do Ébola, que já matou 5.147 pessoas neste ano.
A OMS deu uma rara boa notícia nesta quarta-feira ao afirmar que há sinais de que a incidência de novos casos da febre hemorrágica está a diminuir na Guiné Conacri e na Libéria, embora tenha relatado um aumento acentuado em Serra Leoa.
