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Escurtínio Escolar d´@ verdade: Maldito ‘lindo casamento da Wuxeni’

Olhava incrédula para o que via, não suportava a beleza dos anjos que caracterizava a Wuxeni vestida de noiva. Aos seus olhos o acontecimento não era justo. Cada episódio da cerimónia martelava-lhe o cérebro, o conservador a orientar o juramento do compromisso, o enfiar de anéis nos dedos… tudo isso lhe ensombrava o momento.

Minossi experimentava o ódio à sua própria existência, em particular à sua presença naquele lugar de cânticos, aplausos e júbilos enquanto o seu coração sangrava ferido pelo casamento da amiga. Arrependia-se de se fazer presente, sem saber se seria bom ausentar-se da cerimónia do matrimónio da Wuxeni, a sua maior companheira de vida.

Minossi não era nenhuma invejosa, mas o casamento da amiga cobria-lhe de uma tristeza impossível de conter. – porque é que ela se casa? – interrogava- se procurando mascarar a tristeza com um sorriso quase inválido para isso, inválido porque cada olhar que dedicava ao lindo casal jovem, no púlpito do conservatório, inundava-lhe os olhos de lágrimas.

Procedeu-se ao registo do matrimónio. Wuxeni percorreu, com os olhos, o mar de familiares e convidados que enchiam a sala. Centrou a sua atenção na Minossi com a tristeza a cobrirlhe o rosto de linda moça que era. Lembrou-se da decepção que deixara na vida sentimental da amiga.

Aconselhara-lhe a não aceitar o pedido de casamento do seu maravilhoso ex-namorado, alegando que o casamento é uma forma de privar a vida de uma mulher, pois esta perde a liberdade afectiva e sexual com quem lhe apetecer. Para vergonha da Minossi, a Wuxeni, sua amiga conselheira, assumia, naquele dia, o compromisso para uma vida conjugal. A noiva Wuxeni aproximou-se de Minossi, ignorando a todos como se ela fosse a única convidada.

– Perdão amiga, reconheço que pequei contra a tua vida.

– Afasta-te de mim se não queres casar num mar de lágrimas.

– Aceito as lágrimas da tua tristeza, querida amiga.

Seguindo os conselhos da Wuxeni, Minossi repudiou, vezes sem conta, o pedido de casamento que o namorado lhe dirigia. Esse desistiu dela e entregou-se a outra relação mais séria e comprometedora, na qual se comprometeu ofi – cialmente para uma vida a dois. Naquele momento de festa, Minossi não festejava. Quanto mais procurava concentrar-se no presente, vinham-lhe conselhos da Wuxeni.

– Não aceites casar, amiga – dizia Wuxeni – casamento é um cárcere. Não vais sair mais com amigos. Se quiseres viver em liberdade manda passear a prisão do casamento. Se o teu namorado se quiser casar que arranje outra para isso. Nunca pares a tua vida, tão jovem que és, por causa de compromissos. Tudo o que a Minossi queria era a resposta diante da noiva do dia.

– Porque é que te casas, amiga? Hein! Porque é que assumes um compromisso?

– Caso-me porque não fiz o que fizeste. – O que fiz?

– Ignoraste os teus sentimentos e a tua intuição para depender de ideias de terceiros. Eu não te aconselhei assumir o compromisso, mas nos tempos eu nem tinha um namorado sério. Hoje tenho, porque é que vou perder a bênção?

Parecia que o cérebro da Minossi parava de funcionar ao ouvir a justificativa do casamento da Wuxeni que continuava a falar.

– Amiga, é lindo casar. Nunca mais te recuses a isso se o houver sentimento e confi ança.

Wuxeni dizia as últimas palavras voltando para o seu noivo enquanto a Minossi experimentava a demência de se descobrir vazia quando por muito tempo julgou-se cheia e bem acompanhada. Minossi não participava da cerimónia de um lindo casamento, como outros convidados, participava duma decepção. De longe e na percepção de todos, a linda noiva lançou-lhe a palavra de quem se arrepende.

– Perdão!

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