Cerca de 80,4% das faltas por doença que acontecem nas várias empresas moçambicanas são causadas pela malária, segundo resultados de um estudo apresentado nesta semana na capital do país pela Malaria Consortium, uma organização não governamental que apoia políticas e programas para combater doenças transmissíveis.
Actualmente, apesar de as atenções estarem mais direccionadas para a disseminação e propagação de mensagens contra o HIV/SIDA, os números apontam a malária como a principal causa de morte em Moçambique com as cifras a atingirem os 29 porcento, segundo os últimos dados publicados no mês de Março pelo Instituto Nacional de Estatística. “Este cenário é em parte causado pelo fraco desenvolvimento do país, falta de informação correcta, bem como pela fraca capacidade em reconhecer e reagir de forma apropriada aos sinais e sintomas da doença”, referem alguns analistas.
Com base no Inquérito de Indicadores de Malária (IIM) realizado em 2007, a partir de um grupo de 115 crianças com febre, menos de 30 foram tratadas num período de 24 horas. Na mesma óptica, numa entrevista feita a 205 mulheres com idades entre 35 e 40, apenas 20 sabiam que as redes mosquiteiras protegem da malária. Geralmente, a doença é encarada como sendo normal, negligenciando-se, por isso, as suas consequências incluindo a morte. Entretanto, tendo em atenção que é considerada a principal causa de mortes no país, um estudo apresentado há dias na capital moçambicana concluiu que, actualmente, uma grande percentagem (80,4%) das empresas aponta a malária como a principal razão do absentismo.
Numa amostra de 51 empresas seleccionadas aleatoriamente com representatividade em vários sectores, 15,7% possuem algum tipo de programa para a prevenção da doença, das quais 7,8% pulverizam as instalações da empresa e 5,9% distribuem gratuitamente redes mosquiteiras aos seus funcionários. Segundo o comunicado da Malaria Consortium, o principal objectivo deste estudo é despertar a consciência do sector privado para a importância da acção preventiva da malária no local de trabalho considerando o peso financeiro que as suas consequências podem representar para os empregadores.
Malária e HIV/SIDA nas empresas Na abordagem feita aquando da apresentação dos resultados desta pesquisa ora levada a cabo pela Intercampus, do Grupo GfK, entre os dias 25 de Janeiro e sete de Fevereiro, foi constatado, igualmente, que o país tem estado a experimentar uma nova dinâmica no que concerne à sensibilidade sobre tópicos de responsabilidade social empresarial, apesar de, no caso da malária, ser bastante insignificativa. Das empresas abordadas, 29,4% responderam positivamente sobre a existência de programas de prevenção no tocante ao HIV/SIDA, enquanto 39,2% dizem ter algum tipo de ajuda por actividades de responsabilidade social, uma tendência que é mais notável nas grandes empresas.
De acordo com o director geral da Intercampus, apesar de haver empresas que já possuem alguns programas de responsabilidade social, em comparação com o HIV há uma percentagem bastante pequena de firmas que empreendem acções de prevenção da malária. “Eu penso que quando se atingem os números de sessenta a setenta porcento de absentismo ligado à malária é demasiado preocupante, sendo por isso necessário as firmas fazerem uma pesquisa para saberem quanto é que a malária custa às suas organizações e desencadearem acções face aos desafios que se apresentam”, afirma Luís Couto para a seguir acrescentar que “os valores não importam quando o objectivo é proporcionar uma vida melhor aos colaboradores”.