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Lula já está em Moçambique

Governo de Chissano foi pressionado por Lula para favorecer as empresas Vale

Luiz Inácio Lula da Silva, desembarcou esta segunda-feira à noite em Maputo para sua última visita à África como Presidente do Brasil. A agenda do presidente Lula, que estará dois dias em Maputo, capital de Moçambique, contempla várias iniciativas de cooperação, diplomáticas e comerciais.

Na manhã desta terça-feira às 11h da manhã Lula participará numa aula magna na Universidade Pedagógica de Moçambique, que se torna a primeira instituição estrangeira a fazer parte da Universidade Aberta do Brasil (UAB), que capacita professores por meio do ensino à distância. A Universidade Eduardo Mondlane também participa do projeto.

O acordo prevê, ao fim de quatro anos, a participação de mais de 7 mil estudantes em quatro cursos – gestão pública, pedagogia, matemática e biologia. Mais de 90 universidades brasileiras estão envolvidas na UAB. Os estudantes farão jus à dupla diplomação (os diplomas serão reconhecidos nos dois países) e os cursos terão metade do currículo desenvolvido em cada país. A aula inaugural será transmitida simultaneamente pela internet para dois polos instalados em Moçambique, além da capital Maputo: Lichinga e Beira. Um total de 620 estudantes deverá acompanhar a palestra.

À tarde, o presidente Lula irá receber um grupo de empresários brasileiros e moçambicanos para um encontro no Hotel Serena Polana. Ele terá uma reunião à porta fechada com representantes de empresas brasileiras já instaladas em Moçambique, como a Camargo Correa, Andrade Gutierrez, Vale, Queirós Gavão e outras.

No fim do dia, o presidente irá a um jantar na residência oficial da Ponta Vermelha, sendo recebido pelo colega moçambicano Armando Emílio Guebuza. Na ocasião, serão assinados acordos de cooperação. Dois deles na área de saúde materno-infantil: um ajuda na criação de um banco de elite materno e outro no desenvolvimento de uma biblioteca de saúde.

A agenda termina na quarta-feira, de manhã, com a visita à futura fábrica de medicamentos antirretrovirais construída com apoio do Brasil. Um projeto que nasceu há sete anos, quando da primeira visita de Lula ao país. O presidente brasileiro irá ao local onde ela será instalada – um armazém de 2 mil metros quadrados ao lado de uma fábrica de soros do governo moçambicano, na cidade da Matola, vizinha a Maputo.

O Brasil também irá doar 21 dossiês de medicamentos a serem produzidos em Moçambique, sem a necessidade de pagamento de direitos ou royalties. Cada documento, no mercado, poderia custar entre U$ 30 e 80 mil. Hoje, técnicos da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) – que fará a gestão técnica da fábrica – terminavam a instalação da primeira máquina da linha de produção, que terá a função de moldar e embalar comprimidos. Ela ficará em Moçambique até a chegada do conjuntos completo de novos equipamentos adquiridos nos Estados Unidos. A peça, emprestada, foi trazida da Fiocruz há dez dias, em um avião da Força Aérea Brasileira.

A coordenadora do projeto, Lícia de Oliveira disse que há necessidade de uma obra de adequação do prédio, que deve começar ainda no mês que vem. “A previsão é de que, entre março e abril, chegue o conjunto completo de equipamentos, que será instalado paralelamente com o decurso das obra”. Depois de terminada a readequação técnica do prédio, a fábrica precisa terá que receber a validação e passa pela fiscalização para funcionamento.

“A primeira fase será do processo de capacitação para a elaboração de embalagens e técnicas de controle de qualidade, até chegar à fabricação propriamente dita. Mas no fim do processo, aqui haverá uma fábrica completa”, explicou diz Hayne Felipe, diretor de Farmanguinhos, unidade técnico científica da Fiocruz.

Segundo ele, a previsão “otimista” é de que isso ocorra até 2012. “É extremamente gratificante e importante ajudar a capacitar este país tecnologicamente e, ao mesmo tempo, dar a ele condições para enfrentar este quadro trágico que é a epidemia de HIV/SIDA”, disse Hayne. “Traz-nos uma lembrança de quando tivemos que enfrentar situação semelhante na década de 1970, no Brasil, com relação à produção de imunobiológicos”. 

Moçambique está entre os dez países mais atingidos pelo vírus da SIDA no mundo, com índice de prevalência de 15% entre os adultos. Ao todo, o país tem cerca de 1,7 milhão de infectados em uma população de cerca de 22 milhões de habitantes.

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