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Lei eleitoral não é examinada e Morales continua com greve da fome

O presidente da Bolívia, Evo Morales, deve ficar até o fim da Semana Santa sem comer, já que a lei eleitoral ainda não foi examinada pelo Parlamento. Morales iniciou neste sábado seu terceiro dia de greve da fome, num momento em que os deputados da oposição se recusam a comparecer ao Parlamento para examinar a lei que deve reger as eleições legislativas e presidenciais de 6 de dezembro.

A oposição de direita acusa o partido de Morales de manipulações para obter uma ampla maioria nas legislativas, tão ou mais importantes que as eleições presidenciais. Evo Morales, 49 anos, é tido como favorito para um segundo mandato de cinco anos.

Antes de avançar no exame da lei, a oposição pede um acordo sobre um registro eleitoral atualizado biométrico, com impressões digitais, e a presença de observadores internacionais “para garantir uma eleição transparente”, segundo as palavras do senador da oposição Luis Vásquez. A maioria no poder rejeita a atualização do registro eleitoral, sob o pretexto de que ela não poderá ser finalizada antes das eleições de dezembro.

O Movimento Ao Socialismo (MAS) de Morales, que controla a Câmara dos Deputados, e a oposição de direita, que domina o Senado, também estão em conflito sobre o voto dos bolivianos do exterior e o número de cadeiras atribuídas às minorias indígenas. Uma sessão-maratona no Parlamento foi adiada na manhã de sexta-feira, pouco após uma votação-relâmpago que surpreendeu a oposição e permitiu a aprovação das grandes linhas da lei eleitoral. Falta agora examinar no detalhe os 84 artigos da lei.

O vice-presidente boliviano e presidente do Parlamento, Alvaro Garcia, lançou uma advertência aos deputados da oposição, que “beiram a ilegalidade” ao impedir a aprovação da lei dentro dos prazos constitucionais. Garcia destacou que o Estado pode disponibilizar jatos e carros para levar os parlamentares de volta às suas circunscrições respectivas depois da votação deste fim de semana.

O presidente Morales, por sua vez, ironizou os deputados da oposição. “Eles acham que eu vou desistir”, declarou, lembrando que esta não é sua primeira greve da fome. Em 2004, ele observou uma “por mais de 18 dias”, quando era deputado de oposição e líder sindical dos plantadores de coca. Sexta-feira, pela primeira vez, as cerimônias e procissões religiosas de Páscoa em La Paz transcorreram na ausência do chefe de Estado e dos membros de seu governo, e sem parada militar.

Esta ausência não teve nada ver com a greve de fome de Morales, mas com o fato de a nova Constituição definir um Estado boliviano laico e “independente” das religiões.

Esta Constituição, promovida por Morales, foi aprovada no fim de janeiro em referendo por quase 62% dos votantes.

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