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Jovem mata a esposa e três crianças estão à deriva em Nampula

Eliseu Júnior, de apenas 28 anos de idade, residente na cidade de Nampula, está preso na 2ª esquadra da Polícia, desde o dia 30 de Setembro passado, por ter agredido fisicamente a sua esposa, identificada pelo nome de Crisalida Luís, de 24 anos de idade, a ponto de esta perder a vida numa cama do hospital depois de ter sido mantida em cárcere privado por vários dias. O homicida confessou o crime, tendo sido detido, porém, os filhos encontram-se à sua sorte.

Eliseu Júnior vive concretamente na unidade comunal Muthimacane “A”, quarteirão quatro, no bairro de Murrapaniua. Antes de cometer o assassinato, ele manteve a vítima trancada na sua residência por mais de um mês e em condições desumanas. Crisalida Luís foi tratada como um bicho e o marido fazia dela o que lhe apetecia. A 01 de Outubro em curso, sem forças nenhumas para se despedir dos filhos nem dos pais, a mulher perdeu a vida por falta de condições para resistir ao sofrimento a que estava sujeita.

A cidadã a que nos referimos deixou três crianças, uma de oito anos de idade, outra de seis anos, e a mais novas de apenas um ano e três meses. Não se sabe que destino está reservado aos petizes, uma vez que, para além do desaparecimento físico da mãe e da detenção do pai, este é desempregado. A avaliar pelo crime cometido, o jovem pode ser condenado a uma pena maior de prisão por homicídio voluntário. Enquanto isso, na sua família ninguém dispõe de meios para continuar a zelar pelos menores, sobretudo do mais novo que ainda carece de cuidados primários, sobretudo de leite para se alimentar.

O culpado por esta atrocidade que chocou o bairro de Murrapaniua disse ter protagonizado tal acto supostamente por causa de ciúmes, uma vez que suspeitava de que Crisalida Luís se envolvia sexualmente com um dos seus vizinhos. Para evitar o encontro entre a mulher e o presumível amante, Eliseu achou que a solução era trancar a esposa em casa. Entretanto, apesar de o jovem estar arrependido, os parentes da vítima exigem justiça.

De acordo com os vizinhos, no dia 28 de Agosto passado, Crisalida encontrava-se algures a consumir bebidas alcoólicas na companhia de amigas. O seu marido foi ao encontro dela, juntou-se ao grupo e pagou umas rodadas. Contudo, a esposa negou continuar no convívio alegadamente porque já estava embriagada, por isso, pretendia ir para casa descansar. Eliseu não concordou com a ideia e acusou veementemente a companheira de ter um amante no quarteirão.

Já em casa, houve uma troca de acusações e uma discussão efervescente entre o casal, factos que culminaram com a agressão física à jovem esposa. Os vizinhos foram acudir mas, quando se retiraram do domicílio, a briga recomeçou. Não era a primeira vez que isso acontecia perante o olhar de consternação das pessoas do bairro. Nesse dia, Eliseu recorreu a instrumentos contundentes para maltratar a cônjuge. Esta, sem meios para se defender da tamanha brutalidade, ficou imobilizada.

Ainda segundo a vizinhança, devido à gravidade das lesões que a vítima contraiu, o marido ficou com medo de ser detido pela Polícia caso alguém denunciasse o crime, danificou o telefone da mulher e deixou-a fechada num quarto da sua casa. Apercebendo- se da situação, as pessoas mais próximas dirigiram-se à residência do casal a fim de saberem do que se passava, mas Eliseu escondia Crisalida e dizia que a mesma havia efectuado uma viagem para Alto Molocué, na província da Zambézia, onde os pais dela residem. Ninguém desconfiou de nada. Após um mês em cativeiro, a ofendida teve acesso ao celular do seu marido, a partir do qual fez uma chamada para o pai explicando o que se passava e relatando sobre o seu estado de saúde. Por seu turno, os progenitores contactaram Nazaré Jorge, irmão, para que a resgatasse e a levasse ao hospital.

A 30 de Setembro passado, quando Nazaré chegou à residência da sua irmã, esta já havia sido encaminhada ao Centro de Saúde 25 de Setembro por alguns vizinhos, donde foi imediatamente transferida para o Hospital Central de Nampula, em que morreu uma semana depois do internamento. Nazaré explicou que por várias ocasiões a vítima teria sido aconselhada a denunciar às autoridades policias as agressões a que era constantemente sujeita. Porém, ela recusou-se sempre a fazê-lo.

Antes de se dirigir a uma unidade sanitária, Crisalida não passou pelo posto policial para registar a ocorrência devido ao estado grave em que se encontrava, mas os médicos exigiram que ela ou alguém da família notificasse o caso à corporação. Os parentes seguiram as instruções, e Eliseu foi preso e encaminhado aos calabouços. “Vamos exigir que a justiça seja feita”, disse Nazaré. Dados colhidos pelo @Verdade dão conta de que, para além de outros traumas, a jovem sofreu golpes com gravidade na cabeça, o que também concorreu para a sua morte.

Miguel Bartolomeu, porta-voz da Polícia da República de Moçambique (PRM) em Nampula, aclarou que depois da agressão física, o jovem trancou a esposa no quarto durante dias para que ela não denunciasse o problema e para evitar suspeitas da população. Entretanto, a dado momento, o cidadão apercebeu- -se de que o estado de saúde da sua cônjuge era crítico, tendo pedido a ajuda dos vizinhos, mas já era tarde demais. De acordo com o nosso interlocutor, quando os médicos procuraram saber do que se passava com Crisalida, Eliseu tentou ocultar os factos, porém, depois de várias perguntas insistentes, ele confirmou que espancou a esposa e a manteve em cárcere privado por mais de um mês.

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