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Jogos tradicionais: Nampula revitaliza núcleos de M’pale

Jogos tradicionais: Nampula revitaliza núcleos de M’pale

M’pale é um dos jogos tradicionais mais praticados na cidade e província de Nampula. Nos últimos tempos, a modalidade tende a perder os considerados “grandes” núcleos. A falta de motivação, estímulo e promoção constante de eventos está na origem da alegada extinção um pouco por toda a província de Nampula. Porém, a Associação dos Jogos Tradicionais está a levar acabo acções que visam revitalizar M’pale na chamada capital do norte.

Desde o ano de 2004, vários núcleos que praticam os jogos tradicionais, com destaque para M’pale, extinguiram. A falta de motivação, estímulo e promoção de eventos está levar à extinção dessa modalidade. Até ao princípio do ano passado, a cidade de Nampula uma das que movimenta o maior número de praticantes, contava com mais de 10 núcleos, dos cerca de duas dezenas que absorvia.

A Associação Provincial da modalidade está a desenvolver, um pouco por todos os distritos de Nampula, diversas actividades com vista a resgatar os núcleos extintos. M’pale foi e contínua a ser praticada de forma aleatória, e a entidade de tutela está a promover o campeonatos para reverter a situação.

Segundo o presidente da Associação dos Jogos Tradicionais em Nampula, Carlos Muapanco, a sua agremiação pretende, para além de M’pale, revitalizar os núcleos de todas modalidades desportivas tradicionais. “Queremos criar núcleos funcionais, aqueles que com ou sem festival estão a trabalhar na massificação da modalidade”, disse.

Campeonato da cidade surpreende

Arrancou, no último domingo (17), o Campeonato de M’pale, fase da cidade, edição 2014. A prova que terá a duração de, aproximadamente, sete semanas e igual número de jornadas movimenta um total de 10 núcleos.

Trata-se de Cotocuane, Cadeia Provincial, Dinamo de Natikiri, Namutequeliua, Clube Africano, Flechas de Muatala, Penitenciária Industrial, Cavalaria e Carrupeia. Este número de participantes na prova surpreendeu a comissão organizadora da mesma. A agremiação organizadora e gestora do certame não esperava o nível de adesão por parte dos núcleos, uma vez que alguns destes faziam parte dos extinguidos.

“Estamos muito satisfeitos, pois não esperávamos esta adesão por parte dos praticantes”, referiu. O nosso entrevistado deu a conhecer que se pretende com o campeonato, além de criar grupos de praticantes, massificar aquela modalidade a nível da cidade de Nampula. É, também, objectivo daquele festival desportivo tradicional identificar alguns artistas para representar a cidade na fase provincial da modalidade a ter lugar na considerada capital do norte entre os dias 28 e 29 do mês em curso. “Dinheiro nunca é muito, mas achamos que vai cobrir o suficiente até ao Festival Nacional no próximo mês”, disse Muapanco.

Núcleos queixam-se da fraca organização

Alguns núcleos presentes no Campeonato de M’pale, fase da cidade de Nampula, queixam-se da falta de organização da prova. Os mesmos disseram ao @Verdade que a comissão organizadora do evento não informou atempadamente aos grupos da realização daquele certame. Paulo Sitola, responsável do núcleo Dínamos de Natikiri, disse que a sua agremiação teve apenas uma semana de preparação em virtude da recepção tardia da informação.

“Não obstante a esta situação, prometemos ganhar, mas queremos desencorajar a atitude da associação, porque assim não vai ajudar no desenvolvimento do M’pale na província”, lamentou.

Florentino António, outro responsável, mostrou-se, igualmente, preocupado com a situação e responsabilizou a associação pelo mau empenho caso verifique durante o campeonato. “Quero apelar a associação para não voltar a repetir este tipo de comportamento, pois não tivemos tempo para nos preparar”, disse. No entanto, a associação justifica que o facto se deveu a demora no poio financeiro por parte do Governo, por sinal único parceiro até ao momento.

Não há espaços apropriados para a prática de M’pale em Nampula

Apesar de aquela modalidade ser tipicamente tradicional, não há espaços apropriados para a sua prática. Os jogos são feitos, muita as vezes, em residências de particulares. A título de exemplo, o campeonato da cidade em curso está ser realizado nas residências dos responsáveis dos núcleos. O mais preocupante é que as partidas são efectuadas em locais, totalmente, fechados, facto que impede a apreciação por parte dos amantes da modalidade.

Técnicas para a prática de M’pale

Nas partidas é usado um tabuleiro de madeira, covas feitas sobre a terra ou no cimento, com quatro filas de 4, 8, 16 ou 32 cada uma, e as pedras ou os berlindes são usados como instrumentos de jogo. O campo é um espaço livre, sobretudo debaixo de uma árvore. Os adversários defrontam-se de cócoras ou sentados. Na disposição inicial, cada cova contempla duas pedras.

A técnica de confronto pode ser individual, mas, quando é em equipa, aceita-se no máximo dois participantes. Cada um controla duas filas de covas – as mais próximas a si – onde o objectivo final é todas as pedras do adversário. Como ponto de partida, o praticante escolhe uma cova para retirar as pedras e deixá-las nas covas subsequentes, uma a uma, no sentido anti-horário e a formar grupos de três até sobrar uma. Quando a última pedra encontra uma cova também com pedras, o praticante tem de dar continuidade ao processo até achar um local vazio.

Se esse vazio for encontrado na fila frontal à do adversário, cujo buraco tem pedras, essas são automaticamente eliminadas; porém, se o buraco do adversário estiver vazio, o jogo é entregue ao oponente para, com o seu talento e malabarismo, tentar as pedras do primeiro. Dá-se o caso, porém, de que um praticante fica com uma pedra no seu tabuleiro.

Assim sendo, terá de a girar até ser eliminado ou encontrar, a partir das suas covas, as pedras do adversário para eliminá-las. O vencedor, conforme se referiu acima, é aquele que na totalidade as pedras do adversário. No que à sua história diz respeito, o M’pale é um jogo tradicional que submete o atleta a um esforço mental, em que a aritmética é fundamental.

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